Brasília – Se não é uma questão jurídica, então o impeachment da presidente Dilma Rousseff, que precisa de 28 votos para barrá-lo e só tem certos até agora 22 votos, é fato consumado.
Não se trata de uma questão jurídica e aquilo que se vê e se ouve na discussão do processo na Comissão no Senado é tudo encenação, para dar aparência de legalidade à ilegalidade – sim, porquanto não há crime e logo não há culpado.
Nem o inocente pueril acredita que o relator do processo, senador Antônio Anastasia, dará um parecer isento. É claro que, sendo do PSDB e ligado ao senador Aécio Neves, o parecer de Anastasia é para derrubar a Dilma.
Mas, tudo começou na segunda-feira após o domingo da eleição em 2014. Logo na segunda-feira o PSDB entrou com processo pedindo a recontagem dos votos e depois, sem o menor constrangimento, pediu que o segundo colocado – que não por coincidência é do PSDB – fosse empossado como presidente.
A trama para derrubar o governo prosseguiu na sombra da Operação Lava Jato que, estranhamente, tem-se focado prioritariamente contra o PT e o governo. E sabe-se que o esquema de corrupção atinge todos os governos e é muito antigo.
Por outro lado, o governo que ainda é interino corteja o Poder Judiciário concedendo-lhe o reajuste salarial de 41% que a Dilma havia negado. E numa incoerência brutal alardeia o déficit de 170 bilhões de reais.
A Dilma negou o reajuste exatamente para conter o déficit e o Temer concede o reajuste, e depois vem falar de déficit? Se há o déficit, então por que concedeu o reajuste?
Porque o Temer precisa do Supremo Tribunal Federal, no caso de o processo de impeachment da Dilma chegar à Corte para o veredito final. Mas será que o Supremo se deixaria se seduzir por 41% de reajuste e votaria sem isenção?
O fato consumado do impeachment dá margem à interpretação do golpe. Isso deixa o Temer fragilizado e, se isso não bastasse, tem o caso do deputado Eduardo Cunha, que precisa ser salvo da cassação para evitar que ele faça uma delação premiada.
E para completar tem o desmonte das conquistas sociais, que já começou com o Programa Mais Médicos, e a abertura do Pré-Sal de 100% ao capital estrangeiro como querem as multinacionais. Hoje, a Petrobras detém 30% de exclusividade do Pré-Sal.
A dúvida de como serão os dias seguintes quando começar o desmonte persiste. Como será?