Monthly Archives: dezembro 2015

“Só Deus sabe o que passei…”
   12 de dezembro de 2015   │     22:00  │  6

Brasília – O deputado Fausto Pinato pensou em se livrar do pesadelo ao renuncia à relatoria do Conselho de Ética, que julga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mas parece que foi pior.

Pinato permanece andando num carro blindado e seguranças para ele, a esposa e o filho. É que o presidente Eduardo Cunha se sente traído por Pinato, a quem ajudou.

Quem conhece Cunha garante que ele é imprevisível e tem sangue de esquimó, de tão frio. Quem conhece Cunha de perto garante que ele é capaz de tudo para defende o mandato, inclusive tocar fogo.

Dizem que Cunha ficou revoltado com a entrevista de Pinato dizendo que tinha medo de morrer. Cunha acha que a declaração de Pinato jogou-o contra a opinião pública e o Supremo Tribunal Federal.

Só Deus sabe o que passei. Minha mulher e meu filho andam com seguranças e carro blindado. Eu estou com um segurança, um ex- PM, dormindo na minha casa – desabafou Pinato.

Nada é de surpreender nessa República que surgiu de uma revanche devido a uma dor de cotovelo, em 1889, e coleciona mais de 20 golpes de Estado. Mas, o País depende hoje muito mais do Supremo Tribunal Federal do que do Legislativo.

Deve ser porque a classe política perdeu a noção de tempo e de espaço. Está faltando um líder.

Por que a Kátia Abreu jogou a taça de vinho no José Serra?
   11 de dezembro de 2015   │     14:43  │  7

Brasília – Num momento de tanta convulsão política, com os golpistas em plena atividade, o episódio que mais repercute nas redes sociais é o banho de vinho ( ou foi uísque? ) que a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que também é senadora, deu no senador José Serra.

Para entender a reação da ministra é preciso saber que o motivo da grosseria do Serra definindo-a como “muito namoradeira” está relacionada ao golpe que o PSDB patrocina. Como assim?

Vou explicar:

A ministra Kátia Abreu é líder do setor do agronegócio e até agora os golpistas só conseguiram a adesão solitária do senador Ronaldo Caiado. Os golpistas tentaram cooptar os ruralistas, mas esbarraram na reação deles que mandaram conversar com a Kátia Abreu e a Kátia rechaçou reafirmando a sua fidelidade a presidente Dilma.

Entenderam agora?

Kátia apoiou Serra quando ele disputou a presidência da República e desfilou com ele em Tocantins pedindo votos para o candidato do PSDB. Serra sabe da influência de Kátia junto aos ruralistas de todo o País.

E como o PSDB não conseguiu convencê-la a trair a Dilma, está irado e passou a detrata-la. Entenderam agora? O copo de vinho – uns sustentam que foi uísque -, poderia ser no Aécio Neves, no Fernando Henrique Cardoso ou em qualquer outro tucano que ousar atingi-la.

Um conselho: não brinquem com a Kátia Abreu porque se ela não tivesse com uma taça de vinho ela daria um tapa na cara.

Fica o recado para os golpistas: não tentem cooptar a Kátia porque ela já disse que está com a Dilma para o que der e vier.

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Brasília – O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ainda não está fazendo companhia ao senador Delcídio do Amaral na prisão porque o seu caso de obstrução do processo de investigação contra ele se restringe à Câmara, mais precisamente ao Conselho de Ética.

Mas é bom não abusar nas investidas, porque o que era obstrução regimental e manipulação interna descambou para ameaça de morte e tentativa de impedir a investigação isenta. Ou seja: virou caso de polícia.

Já são seis tentativas vãs do Conselho de Ética da Câmara de se reunir para apreciar o parecer do relator. Cunha chegou a abrir uma sessão da Câmara sem o número mínimo regimental, apenas com o objetivo de impedir a reunião do Conselho.

É que o Conselho não pode se reunir concomitantemente com o plenário.

As razões exclusivamente pessoais de Cunha levaram à inviabilização ética do pedido de impeachment da presidente Dilma, que ele acatou só, e somente só, quando recebeu a informação de que os três deputados do PT que compõem o Conselho de Ética não iriam mais votar favoráveis a ele.

São 21 votos. Contando os 3 votos do PT, Cunha se livraria do processo por quebra do decoro parlamentar e quando os deputados petistas anunciaram que iriam votar favoráveis à abertura do processo o escore se reverteu.

Por vingança, Cunha anunciou que acatou o pedido de impeachment de Dilma e jogou o País nessa situação delicadíssima porque sabe que ninguém até hoje escapou da cassação no Conselho com a acusação de quebra do decoro.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal acompanham perplexos o comportamento irracional de Cunha, agravado agora com as denúncias de ameaça de morte por parte do ex-relator do Conselho de Ética, deputado Fausto Pinato, que renunciou ao cargo com medo de morrer.

Cunha está desafiando a Lei da Gravidade, na crença absurda e estupida de que poderá revoga-la.

 

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Brasília – Por que o senador Delcídio do Amaral decidiu fazer a delação premiada?

A resposta a essa pergunta está levando a várias conjecturas, mas a principal dela está relacionada à delação que o ex-diretor da Petrobras, Nestor Serveró, fez na Operação Lava Jato.

Serveró é cria de Delcídio e Delcídio nasceu e cresceu na Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso. Entre os anos de 1999 e 2001 Delcídio deu as cartas como diretor de Óleo e Gás da estatal, nomeado por FHC.

Daí a notícia de que se dispõe a delatar o que sabe – e, evidentemente, o que fez e o que mandou fazer -, está tirando o sono dos tucanos, porque Delcídio é apenas mais um paraquedista que caiu no PT após o Lula se eleger presidente.

Ou seja: a corrupção na Petrobras começou mesmo no governo FHC.

Antes, ele era o operador do PSDB na Petrobrás e recebeu 10 milhões de dólares de propina para dar a obra de construção de uma termelétrica no Rio de Janeiro à Alstom – e isto se aproveitando do apagão nacional no governo FHC, que extinguiu o processo licitatória alegando pressa.

Com a prisão de Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio, a Polícia Federal fechou o quebra-cabeças e entendeu finalmente a conversa e o interesse de Delcídio com o filho de Serveró para promete-lo o plano de fuga do Brasil para o pai.

FHC não fala sobre o assunto e o PSDB finge não conhecer Delcídio, mas ambos esqueceram de apagar o rastro e estão preocupados com a delação premiada.

Apesar de já estar na 21ª etapa, a Operação Lava Jato na verdade deve estar só começando.

Nem tudo está perdido! Fachim restaurou a moralidade
   9 de dezembro de 2015   │     8:11  │  7

Brasília – No processo para formação da comissão do golpe na Câmara Federal ocorreu de tudo, menos o respeito aos bons costumes e à lei.

De todas as maneiras se manobrou, sob a orientação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que tem dois interesses disfarçados no processo.

1) Impedir ao máximo que puder que o Conselho de Ética se reúna para julgar se o denuncia por falta de decoro parlamentar. E ele quebrou o decoro parlamentar, sim.

2) Vingar-se da presidente Dilma por não tê-lo livrado desse processo.

Ainda que solitária, a decisão do ministro Edson Fachim é o alento que faltava para se restabelecer o respeito e a confiança nas instituições da República.

O que na verdade se pretende é mudar o resultado da eleição presidencial – isso no caso do PSDB e mais precisamente do senador Aécio Neves; e se vingar, que é o caso de Cunha.

Ou seja: não se trata de cruzada moralista nem em defasa da ética.

A esperança agora está no Supremo Tribunal Federal, que deverá definir na próxima quarta-feira sobre o rito imposto na Câmara para o golpe apelidado de impeachment.

Torce-se para que, por unanimidade, os 11 ministros do STF referendem a decisão do ministro Fachim, que deu esse primeiro sinal na direção de se restabelecer a moralidade. Isto significa dizer que ainda há esperança.

Os golpistas não gostaram, claro. Mas isso não é novidade nem deve ser empecilho à restauração da moralidade.