Brasília – Entre surpresa e perplexa, a sociedade acompanha o desenrolar da Operação Lava Jato – que o Ministério Público Federal do Paraná desencadeou e colocou na berlinda o juiz federal Sérgio Moro.
Aplaudido por uns e criticado por outros, o juiz é hoje a personalidade mais em evidência e pauta obrigatória para a imprensa, que fustiga a operação há mais de ano.
O tema da discussão é o motivo pelo qual apenas o PT e os partidos aliados estão no centro das investigações? Serão apenas eles os culpados, ou a prática antiquíssima de favorecimentos no serviço público em troca de dinheiro é uma pratica generalizada?
Será mesmo que são apenas o PT, o PMDB, o PP e o PTB adeptos dessa prática?
Tem jurista que garante a iniquidade da Operação Lavo devido a incompetência jurisdicional de se investigar a Petrobras fora do foro legal da empresa – que é o Rio de Janeiro.
Outros seguem o caminho inverso e sustentam que não há ilegalidade nenhuma.
Mas, é inegável e indisfarçável o ressentimento que a operação está deixando no Congresso Nacional – que se considera ultrajado com a invasão de seus imóveis residenciais.
Mesmo os parlamentares que não estão citados na operação, por solidariedade e prevenção, engrossaram o coro dos que reclamam exigindo respeito ao Poder Legislativo.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é o mais indignado e garante que não é por ter sido citado na operação. Para ele, se trata do respeito que se deve manter entre os poderes.
O pior é que todos os envolvidos têm certeza de que o Palácio do Planalto tem fustigado a operação ou no mínimo apoiado disfarçadamente.
Mas, não muito disfarçadamente porque o encontro do ministro Ricardo Lewandowski com a presidente Dilma em Lisboa serviu para reforçar a certeza.
Mas, o presidente do Supremo Tribunal Federal assinou a autorização para a investida contra o Congresso Nacional em conjunto com mais dois ministros – o que dá o efeito de decisão colegiada.
Sabe-se agora como a Operação Lava Jato começou, mas não se sabe como vai terminar. As sequelas vão ficar e não será fácil superá-las.
O risco de a operação fazer eclodir uma crise entre os poderes da República é cada vez maior e a discussão central é qual o limite do Ministério Público e, especialmente, se é possível impô-lo.
Do outro lado da vitrine, a sociedade pode vir a se frustrar com o resultado final. A espetacularização que a Operação Lava Jato está promovendo pode ser muitíssimo maior do que a sociedade verá na prática.
A operação está agora na fase do disse-me-disse e do foi-e-não foi que confunde e põe em xeque todo o trabalho. Afinal, foi ou não foi?
E se não bastasse, a operação é desencadeada concomitantemente com o desejo mórbido do terceiro turno da eleição presidencial.
Daí, ao apontar para o Congresso Nacional a operação pode estar provocando os que nutrem esse desejo.