Brasília – Os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso devem se encontrar para um colóquio em caráter reservoso. Na pauta, a proposta do terceiro turno da eleição presidencial camuflada no impeachment.
E há brecha para o impeachment?
Não, não há, mas se abre quando se quer. O impeachment é muito mais um instrumento político do que jurídico e se há essa má vontade em relação ao governo na Câmara Federal, onde tudo começa, é bom se precaver.
A conversa do Lula com o FHC deve se desenrolar com esse tema, porque não há nada mais que os dois tenham a tratar. O próprio antagonismo político, que os coloca em posições extremas, não deixa brecha para mais nada além da proposta do impeachment.
As manifestações da oposição realizadas em março e abril em datas “históricas” para o movimento golpista nacional sugere a cautela que o Lula adotou, ao ponto de propor o encontro com FHC.
Em nome da República e da estabilidade política fecha-se o acordo entre os dois adversários e ex-presidentes. O próprio PSDB parece dividido e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não se importou em assumir a defesa da legalidade e condenar o golpismo se posicionando contra a proposta do impeachment.
Mas, no momento em que estão todos sobressaltados, é recomendável não pagar para ver. O processo de impeachment começa na Câmara, onde há ressentimentos capitaneados pelo presidente Eduardo Cunha, que tem o controle de mais da metade da Casa.
Cunha acredita, e não adianta tentar demovê-lo, que o seu envolvimento na Operação Lava Jato tem o dedo do Palácio do Planalto, que não o queria na presidência da Câmara. De fato, muita coisa vazou à imprensa pelo Palácio do Planalto e há suspeita de que vazou, mais precisamente, pelo ministro do Gabinete Civil, Aloísio Mercadante.