Monthly Archives: maio 2015

FMI diz que o Brasil vai crescer em 2016. Pode isso, Arnaldo?
   29 de maio de 2015   │     19:27  │  16

 Brasília – A inflação de 12,5 % ao mês que o governo Fernando Henrique Cardoso deixou como herança maldita, em 2002, não causou o reboliço que a inflação inferior a 8% ao mês está causando agora.

Por que será?

Não dá para definir com precisão porque o real motivo dos ataques está camuflado, mas dá para entendê-lo pelo ângulo do recalque. O Fernando Henrique Cardoso é um sociólogo, letrado, doutor e intelectual, mas não conseguiu manter a inflação abaixo de 10% ao mês.

E isto, mesmo contando com a parceria de oito anos do Armínio Fraga no Banco Central. É bom lembrar que o Armínio Fraga praticou a maior taxa de juro de toda a história da República!

No governo FHC, a taxa de juro imposta pelo Banco Central atingiu a 45% e mesmo assim a inflação ultrapassou os 10% ao mês.

Acredito que o fato do governo Lula e, agora, com a Dilma, a inflação estar abaixo do que atingiu no governo FHC tenha motivado as reações da oposição e, especialmente, do PSDB e mais precisamente das “viúvas do Aécio”.

Será por inveja?

Se for por inveja, e eu acredito que seja, então a “dor de cotovelo” das “viúvas do Aécio” só tende a aumentar. Isto porque a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, disse que “o Brasil está claramente no caminho certo”.

E disse mais:

– “A implementação bem sucedida do ajuste fiscal e outras medidas devem contribuir para fortalecer a confiança e ajudar a revigorar os investimentos no fim de 2015, proporcionando a base para o retorno de um crescimento positivo em 2016”.

A diretora-geral do FMI estimou que, em 2016, o Brasil vai crescer 1%. É pouco? É. Mas o suficiente para calar a boca dos coxinhas, cujo líder tem por hábito detratar a imagem do país no exterior e cuspir no prato que comeu.

Quem colocou o jabuti na árvore? Jabuti não sobe em árvore…
     │     11:33  │  10

Brasília – Proclamada pelos monarquistas que traíram Pedro II, a República brasileira parece condenada a viver de arranjos.

A Constituição brasileira, cheia de remendos para se adequar aos interesses momentâneos, se confunde com um arrazoado de leis cuja durabilidade está atrelada aos interesses da ocasião.

O presidente Fernando Henrique Cardoso gastou uma fortuna para aprovar a reeleição, mas a reeleição que interessava a ele naquele momento.

A conta da reeleição de FHC ainda hoje está sendo paga pela sociedade, que nem chegou perto de quitá-la e já foi informada de que não haverá mais reeleição de ninguém.

E sendo assim, é bom não criar expectativa sobre a reforma política. Nada será reformado e tudo vai permanecer sob o modelo atual confuso e cheio de possibilidades que a sociedade não entende.

Por exemplo: um deputado que obtém mais votos do que o outro, mas não é diplomado porque o outro está na carona de um terceiro deputado que estourou no número de votos.

Ou seja: com exceção do Senado, as demais casas Legislativas não são formadas pela soberana decisão popular e sim pela engenharia eleitoreira.

E, o mais grave, é que a legislação é feita também pelos “jabotis”, que podem ser explicados pelos enxertos matreiramente realizados, como ocorreu em votações recentes no Congresso.

Parêntesis: jaboti não sobe em árvore; se um jaboti aparecer em cima de uma árvore foi alguém que o colocou lá.

Os jabotis que vieram da Câmara Federal, sem dúvida que com o aval do presidente da Casa, Eduardo Cunha, cumprem a tarefa de moldar a legislação a esse interesse pessoal que não tem nada a ver com o interesse da sociedade.

Nem com o futuro do país.

E enquanto o país caminhar na contramão dos legítimos interesses da sociedade, todos vamos continuar assistindo esse espetáculo mambembe que se molda à realidade do momento e não à expectativa da sociedade quanto ao futuro.

A parte a discussão sobre o instituto da reeleição, o que importa à sociedade é que se defina de uma vez por todas o amanhã. Não dá mais para ficar mudando a regra do jogo, sobretudo quando o objetivo é o de ajustar o jogo à regra.

O dinheiro que o Fernando Henrique Cardoso pagou para aprovar a reeleição saiu do bolso da sociedade – que gastou milhões pra nada.

Ou melhor: gastou apenas para atender a um capricho do momento.

A quadrilha da FIFA e o gol de placa dos Estados Unidos
   28 de maio de 2015   │     16:55  │  4

Brasília – Na década de 1970, o José Maria Marin se desentendeu com o diretor de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo.

Era o auge da ditadura.

O diretor de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo que se desentendeu com o José Maria Marin foi o jornalista Vladimir Herzog.

Menos de duas semanas depois de o José Maria Marin fazer um discurso denunciando o Vladimir Herzog como “perigoso comunista”, o Vladimir Herzog foi preso e assassinado no DOI-CODI.

Coincidência?

Parêntesis: coincidência não existe. Coincidência só existiria se dois corpos pudessem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Mas, digamos que foi coincidência.

Agora que apareceu uma Justiça, um Ministério Público e uma polícia ( o FBI ) para investigar o submundo da FIFA, o estranho seria se o José Maria Marin não fosse preso. Isto porque, até mesmo no Brasil, foi grampeada a conversa dele com o presidente da CBF tramando tirar o Ricardo Teixeira do rateio da propina.

A pergunta é: como a Justiça, o Ministério Público e o FBI estão na investigação das tramoias na FIFA, se os Estados Unidos não estão na ponta dos países que investem e adotam o futebol como esporte principal?

Aí é onde está o nó desatado.

Deu-se o seguinte: pensando que a FIFA estava acima de qualquer suspeita e confiando na honestidade dos seus diretores, a nova direção da FIFA pediu ao promotor norte-americano Michael Garcia que analisasse e investigasse a entidade para saber se estava tudo certo; para saber se a entidade estava atuando dentro da legalidade.

O promotor norte-americano investigou tudo, esmiuçou as contas, e no ano passado apresentou o relatório concluindo que a FIFA estava dentro de um covil.

O relatório e a conclusão do promotor norte-americano foram engavetados e a FIFA pensou que o caso se encerraria aí, mas esqueceu de que o promotor que investigou é dos Estados Unidos, onde a lei historicamente é exemplarmente aplicada.

Vamos agora aguardar a recepção que os brasileiros farão para receber o José Maria Marin, quando ele se livrar da Justiça dos Estados Unidos, que anda com fé e não costuma falhar.

Tucano reconhece que não tem projeto de país
   27 de maio de 2015   │     15:25  │  7

Brasília – Folgo-me com a declaração do vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman:

Nós não temos um projeto de país -, disse o mandatário tucano.

Folgo porque a constatação do vice-presidente do PSDB já foi objeto de comentário aqui no blog, quando sustentamos que o que existe na política nacional é uma disputa do poder pelo poder – ou seja, no que se refere à política econômica, por exemplo, não há diferença nem proposta nova.

O que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, por extensão, o governo está propondo e fazendo para ajustar a economia ninguém poderia fazer diferente.

Aliás, é sempre bom repetir para avivar a memória dos que sofrem ou fingem sofrer de amnésia, que Joaquim Levy é autor do programa de governo do Aécio Neves. Portanto, quando o Aécio critica as medidas proposta para o ajuste fiscal é pura demagogia.

Menos mal que essas medidas de arrocho estejam sendo implementadas no governo do PT, porque o PSDB não tem compromisso social nem patriótico com o país.

É verdade que, no que se refere à corrupção, o governo Fernando Henrique Cardoso demonstrou mais habilidade para impedir que se transformasse em escândalos. Melhor ainda, impediu que houvesse investigação.

Também é verdade que o governo FHC contou com o apoio do procurador-geral da República amigo, e que se transformou em engavetador-geral da República, porque não apurou as denúncias de maus feitos que lhe chegaram às escancaras.

Se, no governo Fernando Henrique Cardoso, não existisse o “engavetador-geral da República, o Alberto Youssef não teria prosperado nos seus golpes. Cabe lembrar que o Alberto Youssef “nasceu” e prosperou no governo FHC e gostou tanto do que fez que decidiu se estender nos golpes.

E, como não existe mesmo o projeto de país, tanto faz como tanto fez. Ou seja, para Alberto Youssef a diferença entre o governo de FHC e os governos Lula e Dilma é que, no governo de FHC, havia a certeza da impunidade com o “engavetador-geral da República”.

É a Lei Tiririca: pior do que tá não fica. Ou fica?
   26 de maio de 2015   │     9:29  │  4

Brasília – Ainda que a República brasileira tenha nascido de uma dor de cotovelo misturada com o ódio e traição, não dá para voltar atrás.

O marechal Deodoro traiu o imperador Pedro II e o marechal Floriano Peixoto traiu o Deodoro, e antes o Silvério dos Reis traiu os inconfidentes, e assim sucessivamente.

E não dá para recomeçar. Agora é seguir enfrentando as consequências do ato que, quase 200 anos depois, ainda causa prejuízos.

E permanecerá causando.

A República brasileira convive com o fantasma da Monarquia que está “vivo” nas cores verde e amarela da Bandeira brasileira e, ainda, no lema do Positivismo “Ordem e Progresso”.

Aliás, lema este vergonhosamente escondido porque o completo é: “Ordem, Progresso e Amor”.

E imaginem que, depois de trair Pedro II, o marechal Deodoro mandou tangê-lo do Brasil dentro de um paquete chamado de “Alagoas”.

E o íntegro, competente e honesto Pedro II, ainda que ferido diante da traição daquele a quem tanto ajudou se saiu com esta:

Major, já que estão me levando para o Alagoas, me deixem em Penedo.

Conhecendo-se a República que os monarquistas traidores proclamaram em 1889 é possível entender as consequências que as gerações seguintes enfrentaram e enfrentam diante de uma vergonha, que ainda não virou uma nação.

Ninguém está preocupado em ajudar a resolver os problemas do país, mas a dar mais um golpe – e são muitos os golpes nessa malfadada República brasileira -, para tirar do poder quem a maioria do eleitorado elegeu.

E isto, se estivesse em disputa o bem contra o mal; o melhor contra a pior.

E nesta República que nasceu de uma dor de cotovelo combinada com o ódio e a traição, até a Lei do Tiririca, segundo a qual pior do que tá não fica, corre o risco de ser revogada.

É só imaginar quem poderia suceder a Dilma, depois do golpe.