Brasília – Quando, em 1997, estourou o roubo na Sudene o presidente Fernando Henrique Cardoso adotou a seguinte providência:
1) Mandou a polícia prender todos os envolvidos.
2) Determinou que a Polícia Federal investigasse o roubo.
3) Pediu para o Ministério Público denunciar todos os envolvidos.
4) Fechou a Sudene e eliminou as provas do roubo.
Parabéns! Acertou quem assinalou a alternativa 4, pois foi isso mesmo o que o Fernando Henrique Cardoso mandou fazer: fechar a Sudene e sumir com as provas do roubo, de modo que a denúncia caiu no vazio.
Sudene? Que Sudene?
– Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos, fura bolo e cata piolho! Cadê a Sudene que estava aqui na rodovia que vai para Aldeias, em Pernambuco?
O rato comeu.
Rato filho de uma égua! Comeu a Sudene todinha?!
Pois é, comeu. E comeu com uma voracidade tão grande que não ficou um papel sequer para comprovar o roubo! Pense!
A Sudene, a Vale do Rio Doce e a Telebrás não tiveram a mesma sorte do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que escaparam por pouco, é verdade, mas escaparam.
Foi um período negro. Venderam tudo e, se não bastasse terem vendido de graça, ainda mandaram o BNDES emprestar o dinheiro para o comprador “pagar” a compra.
Pense na sacanagem!
– Quem quer comprar a Vale do Rio Doce e a Telebras?!
– Eu! Quanto é?
– É tanto.
– Ah, não tenho dinheiro não…
– Não tem problema. A gente lhe empresta e você só vai pagar quando o sargento Garcia prender o Zorro. Topa?
– Ah, sendo assim, até injeção na testa a gente toma…
E assim foi feito. Mas nada é mais grave do que o cinismo nacional; ao vê-los de volta falando sobre corrupção na Petrobras eu fico a pensar se não poderiam acrescentar na bandeira nacional “Ordem, Progresso e Cinismo”.
Tudo isto me faz lembrar o personagem que dizia nada temer, exceto o “Malamém”. E quando lhe perguntaram quem era esse tal de “Malamém” ele respondeu que não sabia; tudo o que sabia era que a mãe dele, quando rezava o Pai Nosso antes de dormir, dizia sempre: livrai-nos do “Malamém”.
Agora eu sei quem é o “Malamém”.