Livrai-nos do “Malamém”…
   9 de fevereiro de 2015   │     18:13  │  0

Brasília – Quando, em 1997, estourou o roubo na Sudene o presidente Fernando Henrique Cardoso adotou a seguinte providência:

1) Mandou a polícia prender todos os envolvidos.

2) Determinou que a Polícia Federal investigasse o roubo.

3) Pediu para o Ministério Público denunciar todos os envolvidos.

4) Fechou a Sudene e eliminou as provas do roubo.

Parabéns! Acertou quem assinalou a alternativa 4, pois foi isso mesmo o que o Fernando Henrique Cardoso mandou fazer: fechar a Sudene e sumir com as provas do roubo, de modo que a denúncia caiu no vazio.

Sudene? Que Sudene?

– Dedo mindinho, seu vizinho, maior de todos, fura bolo e cata piolho! Cadê a Sudene que estava aqui na rodovia que vai para Aldeias, em Pernambuco?

O rato comeu.

Rato filho de uma égua! Comeu a Sudene todinha?!

Pois é, comeu. E comeu com uma voracidade tão grande que não ficou um papel sequer para comprovar o roubo! Pense!

A Sudene, a Vale do Rio Doce e a Telebrás não tiveram a mesma sorte do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que escaparam por pouco, é verdade, mas escaparam.

Foi um período negro. Venderam tudo e, se não bastasse terem vendido de graça, ainda mandaram o BNDES emprestar o dinheiro para o comprador “pagar” a compra.

Pense na sacanagem!

– Quem quer comprar a Vale do Rio Doce e a Telebras?!

Eu! Quanto é?

– É tanto.

Ah, não tenho dinheiro não…

– Não tem problema. A gente lhe empresta e você só vai pagar quando o sargento Garcia prender o Zorro. Topa?

Ah, sendo assim, até injeção na testa a gente toma…

E assim foi feito. Mas nada é mais grave do que o cinismo nacional; ao vê-los de volta falando sobre corrupção na Petrobras eu fico a pensar se não poderiam acrescentar na bandeira nacional “Ordem, Progresso e Cinismo”.

Tudo isto me faz lembrar o personagem que dizia nada temer, exceto o “Malamém”. E quando lhe perguntaram quem era esse tal de “Malamém” ele respondeu que não sabia; tudo o que sabia era que a mãe dele, quando rezava o Pai Nosso antes de dormir, dizia sempre: livrai-nos do “Malamém”.

Agora eu sei quem é o “Malamém”.