Sururu é o patrimônio que não existe mais
   20 de dezembro de 2014   │     22:14  │  2

O ex-reitor da Ufal, Nabuco Lopes, escreveu um livro mostrando a importância do sururu como fonte de proteína. Ele era médico do 20º Batalhão de Caçadores (hoje 59 BIMtz) e explicou a resistência física dos conscritos pelo consumo do molusco – que era abundante em Maceió.

Era, mas não é mais. O sururu virou “patrimônio alagoano”, mas na realidade o molusco que se consome na capital alagoana vem de Sergipe.

Alagoas não é mais a terra do sururu. E o que aconteceu com esse molusco que se ofertava em forma de “capote” e sem casca; no coco ou em fritadas?

Sumiu! Escafedeu-se! Desapareceu! Sucumbiu!

Destruído pela poluição na Lagoa Mundaú, que é a maior fossa a céu aberto de Alagoas, o sururu ainda reagiu teimosamente por algum tempo, mas isto se deveu à providência que o então governador Fernando Collor adotou quando trouxe do Rio de Janeiro a draga Ster para reabrir o canal por onde a água do mar penetra na lagoa.

O tempo passou e como o trabalho de desassoreamento da lagoa não teve continuidade, a entrada da água do mar não se dá mais no volume necessário ao desenvolvimento do molusco – que, não encontrando salinidade suficiente para se desenvolver, sucumbiu.

Ficaram as lembranças.

As lembranças que estão na arte e no talento do professor e sociólogo Edson Bezerra, com a sua obra prima intitulada de “Sururu Fresco”, e na música imortalizada da “Nega Juju” com o “Sururu da Nega”.

O sururu que se consome hoje em Maceió em nada se compara ao sururu que se produzia em abundância na Lagoa Mundaú – que, em 1969, foi apontada pelo Instituto do Mar, da Marinha, como o hectare mais produtivo do país; naquele ano, a lagoa produziu 12 toneladas de proteínas (sururu), que foi equivalente a 24 vezes a produção de proteína animal (bovina) do Rio Grande do Sul.

Hoje, o sururu é o patrimônio que não existe mais. E é bom que se saiba que o sururu que se consome em Maceió em nada se compara ao verdadeiro sururu fresco ou de capote.

Lamentavelmente.

COMENTÁRIOS
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  1. joacy

    Meu caro defensor dos petralhas. Parabéns por dar um tempo em sua defensoria alienada a politica do PT. Informando a este blogueiro: O SURURU continua vivo e sendo apreciado, contudo sofre pelo mal da poluição e falta de atenção dos nossos governantes corruptos que só pensam em ROUBAR.

  2. Edson Bezerra

    …caríssmo Bob, corrigindo (corriga no texto sugiro eu): o que é de nossa autoria é o Manifesto Sururu, texto o qual, depois de dez anos resolvi publicá-lo em uma edição que, honrosamente tem o prefácio do Dirceu Lindoso, e, faço questão de te presentear.
    Quanto ao Sururu da Nega, este frevo – salvo engano – é um hino de saudoso bloco do Major Bonifácio.
    No mais, pau nos fascistas e abraços no coração.

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