Brasília – A presidente Dilma não tem um nome para o Ministério da Fazenda, mas quem a conhece sabe que não aceita sugestão.
Uma semana após a eleição o Lula e ela se reuniram e não foi uma reunião confortável para os recém- saídos de uma eleição dura, e a culpa foi a insistência do Lula para que convidasse o Henrique Meireles para ser o ministro da Fazenda.
A priori imaginava-se que a reação da Dilma devia-se ao fato do Meireles ser filiado ao PSDB e muito ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; a posteriori soube-se que a causa é a idiossincrasia da presidente – que só aceita sugestão quando ela pede, e olhe lá!
Até o Jô Soares já entrou no clima. No programa da terça-feira com “As Meninas do Jô”, o apresentador global repetiu por diversas vezes que o fato de o Meireles ter sido sugerido ou indicado, não significa que a presidente – ou presidenta – deixou de mandar; deixou de ser a chefe – ou seria chefa?
A Dilma não tem um nome para o Ministério da Fazenda, mas se mantém empedernida em aceitar sugestão.
Ela já testou o mercado quando anunciou, antes da eleição, que o Guido Mantega não continuaria no novo mandato.
Agora testa a paciência da base aliada e, especialmente, dos Lulistas, que desaconselham outro nome que não seja o do Meireles. Aliás, a reação mais contundente veio da senadora Marta Suplicy na carta em que renunciou ao cargo de ministra e retornou ao Senado.
Quem conhece a Dilma sabe que esse é o seu jeito de ser. A questão é saber se o mercado já se acostumou com a sua maneira de ser e vai reagir com a naturalidade.
A Dilma presidente, ou presidenta como ela exige ser chamada, em nada difere da Dilma que foi secretária estadual de Minas e Energia do Rio Grande do Sul.
Em 2000 eu estava em Salvador participando de um Seminário sobre Energia Alternativa, promovido pela Petrobras, e a Dilma foi uma das conferencistas. Ela falou sobre termelétricas.
No intervalo para o lanche eu me aproximei dela e depois de me identificar como repórter da GAZETA DE ALAGOAS, disse-lhe que Alagoas produzia 2 milhões de metros cúbicos de gás natural, dissociado do petróleo, por dia. E ela respondeu:
– Se o seu Estado produz isso mesmo que você está me dizendo e não tem uma termoelétrica, desculpe-me, mas é um Estado de otários.
Essa é a Dilma, que nem o Lula nem a Marta Suplicy entenderam ainda.
Já deu para ver que a presidenta é direta, sem arrodeios.