Monthly Archives: setembro 2014

As meninas do Lula
   24 de setembro de 2014   │     17:19  │  0

Brasília – No lançamento do PT no Rio de Janeiro a Avenida Rio Branca ressuscitou depois da pausa das manifestações de ruas que levou ao segundo golpe militar e ao endurecimento do regime instaurado em 1964 – e que, segundo marechal Castelo Branco prometia, seria efêmero.

Ainda recordo-me de música; eu estava lá acompanhado da amiga Valquíria Sarmento, ex-diretora do TV Educativa de Alagoas no governo Ronaldo Lessa, e do irmão dela, o Carlos Eugênio, ex-guerrilheiro de codinome Clemente e o último exilado em Paris porque era também desertor do Exército – ele servia no Forte de Copacabana e fugiu com o fuzil depois que descobriram que também era guerrilheiro.

A música, que na verdade mais parecia um refrão repetido enfadonhamente, alardeava assim:

Petê -Petê – Petê -Petê/ Petê – Petê -Petê -Petê/ Petê -Petê -Petê…

Toda intelectualidade de esquerda estava presente; foi a oportunidade rara de estar tão perto dos ídolos que a sensacional revista Realidade imortalizou na minha juventude.

Lembro-me que a Valquíria observou sobre a repetição do refrão que já enfadava os ouvidos.

O tempo foi passando e o PT se consolidando sob a liderança de um metalúrgico que pregava o novo sindicalismo nacional. Um sindicalismo para se contrapor ao peleguismo que o Ari Campista encarnava até o golpe de 1964.

Um novo sindicalismo sem as amarras getulistas!

Um novo sindicalismo liderado por um metalúrgico que se acidentou e se aposentou por invalidez, mas sem perder o contato com as bases. Um líder nordestino de fala carregada e sotaque misturado – ora paulistano do ABC, ora pernambuquês de Garanhuns.

Surgiu então o Lula, que de apelido de Luiz virou sobrenome e presidente da República duas vezes – e com o cacife para eleger a sucessora e ainda permanecer dando as cartas, inclusive, na eleição este ano.

Claro, a história não se repete; o Lula chegou à presidência da República depois de ser sindicalista. Mas, preste atenção: em 1947 o Getúlio Vargas lançou dois candidatos a presidente da República.  O plano deu errado e nem um nem o outro se elegeu.

E com o Lula será diferente: a presidente Dilma e a Marina são duas invenções do Lula, com o detalhe de que só a Marina é do PT Lulista; a Dilma só chegou muito depois.

Diga aí! Tem as meninas do e as meninas do Lula.

A Marina só tinha um ovo. Oxi! Pensei que não tivesse nenhum…
   23 de setembro de 2014   │     10:01  │  25

Brasília – Seria cômico se não fosse trágico o roteiro da campanha eleitoral dos candidatos a presidente da República.

Mas, nada foi mais patético do que a candidata Marina Silva fingindo chorar ao contar a “estória” do seu pai – um migrante cearense que foi explorar os seringais do Acre.

Eu só tinha um ovo para dividir com meus irmãos! …

Ora pois, pois: se diante do caixão do Eduardo Campos a Marina riu, quem haverá de acreditar no choro dela contando semelhante “estória”?

Se a Marina tem o poder de rir em velório, não dá para acreditar na “estória” de um ovo só – até porque a priori imaginava-se que não tivesse nenhum.

Quinta-feira, 25, a Marina será entrevistada no Bom Dia Brasil. Vamos aguardar para ouvi-la e vê-la repetir com mais detalhe semelhante “estória”  do “milagre do ovo” e, especial e particularmente, se ela vai falar mal do Lula.

E vamos aguardar também para vê-la e ouvi-la falar sobre o agronegócio, o Banco Central, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o pré-Sal, que são temas importantíssimos e definitivos.

Vamos aguardar porque, afinal, a Marina só tinha um ovo e a imaginava-se que não tivesse nenhum.

Quando o jornal só serve para enrolar sabão
   22 de setembro de 2014   │     14:51  │  2

Brasília – O jornal impresso não vai acabar; não é verdade que o jornalismo eletrônico sepultou o jornalismo impresso. Basta o exemplo do Japão, que tem o domínio da comunicação tecnológica concomitantemente com um dos jornais de maior tiragem no mundo.

Ao fechar o Jornal da Tarde, que era do mesmo grupo de O Estado de S. Paulo, a alegação no editorial de despedida na última edição foi da concorrência com a comunicação tecnológica, especialmente a Internet.

Balela. Isso é desculpa de incompetente procurando um culpado para o seu fracasso.

Relento o “Papel do Jornal”, o livro de cabeceira do grande Alberto Dines, está lá: todo meio de comunicação existe para atender aos sentidos – visão, audição, tato…

Logo, enquanto houver visão, audição e tato haverá rádio, televisão, internet e jornal ou revista.

Mas, sinceramente, não dá mais para ler jornal com notícia velha – pior, com notícia dirigida e mal dirigida.

Na edição do antigo “Estadão”, o exemplo do mau jornalismo é escancarado de forma digamos assim extremamente burra. E quem quiser pode comprovar – é só abrir o caderno onde o jornal expõe a sua falta de respeito ao leitor.

Sem nenhum disfarce o “Estadão” expõe uma matéria sobre Murici, em seguida uma matéria contra o senador Renan Calheiros e na página seguinte uma matéria contra o Jader Barbalho – e não por coincidência, ambos com os filhos na disputa pelo governo dos seus Estados.

Coincidência?

Não; coincidência não existe. Trata-se de mau jornalismo mesmo. É por essas e outras que o Estado de S. Paulo foi obrigado a fechar o Jornal da Tarde; é por essas e outras que a tiragem do Estado de S. Paulo é hoje igual à tiragem de folhetins.

É por essas e outras que o velho e bom “Estadão” só serve hoje para enrolar sabão.

1,6 por cento de pobreza no Brasil não é notícia
   20 de setembro de 2014   │     20:53  │  1

por Aprigio Vilanova*

Incrível como a grande mídia brasileira desconsiderou o relatório da ONU, que aponta o Brasil como modelo na redução da insegurança militar, foram cerca de 36 milhões de brasileiros que deixaram a pobreza extrema.

Os dados divulgados pela Pesquisa Nacional de amostra de Domicílios (Pnad) mostram um movimento nas camadas da sociedade brasileira. A pobreza foi reduzida de 6,7 por cento em 2004, para 1,6 por cento em 2012.

O analfabetismo era 13,6 por cento em 2000, agora são 8,5 por cento nos dados de 2012. São dois dados importantes para a história do Brasil, esses dados não são de campanha eleitoral, são do Banco Mundial, da ONU, do IBGE.

É claro que os erros cometidos por qualquer partido político devem ser investigados e que os culpados sejam punidos. Mas uma notícia histórica que simboliza bem as transformações que estão acontecendo na sociedade brasileira não deve ser manipulada.

* é Estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG

Vice de Marina diz que ninguém governa sem o PMDB
   19 de setembro de 2014   │     15:03  │  13

Brasília – O candidato a vice-presidente na chapa da Marina Silva pelo menos é honesto em relação às promessas de campanha – que a Marina faz sabendo que o presidente da República, no sistema atual, é refém do Congresso Nacional.

Ou seja: o presidente da República só faz alguma coisa se o Congresso Nacional aprovar – senão, é tudo promessa vã.

A Marina já se contradisse várias vezes nessa campanha, de modo que não dá para acreditar no que ela diz. Na dúvida, os beneficiários do programa Bolsa Família e a comunidade gay devem se manter alerta porque se a Marina chegar à presidência da República ela vai cooptar o Congresso Nacional e tentar aprovar suas ideias absurdas.

O candidato a vice-presidente Beto Albuquerque admitiu que seja quem for o próximo presidente da República, ele não conseguirá administrar o país sem o apoio do PMDB. E é verdade; é assim que funciona o sistema presidencialista brasileiro, cuja Constituição é de cunho Parlamentarista – o que é, sem dúvida, uma incongruência.

Mas fazer o quê se foi isso o que a Assembleia Constituinte aprovou?

E sendo assim é bom ficar alerta às promessas para separar o que é vã ( promessa ) do que é exequível – e isto, ainda assim, depende do Congresso Nacional e mais precisamente, do PMDB.

O resto é potoca de campanha eleitoral para enganar o eleitor pueril.