Brasília – No lançamento do PT no Rio de Janeiro a Avenida Rio Branca ressuscitou depois da pausa das manifestações de ruas que levou ao segundo golpe militar e ao endurecimento do regime instaurado em 1964 – e que, segundo marechal Castelo Branco prometia, seria efêmero.
Ainda recordo-me de música; eu estava lá acompanhado da amiga Valquíria Sarmento, ex-diretora do TV Educativa de Alagoas no governo Ronaldo Lessa, e do irmão dela, o Carlos Eugênio, ex-guerrilheiro de codinome Clemente e o último exilado em Paris porque era também desertor do Exército – ele servia no Forte de Copacabana e fugiu com o fuzil depois que descobriram que também era guerrilheiro.
A música, que na verdade mais parecia um refrão repetido enfadonhamente, alardeava assim:
– Petê -Petê – Petê -Petê/ Petê – Petê -Petê -Petê/ Petê -Petê -Petê…
Toda intelectualidade de esquerda estava presente; foi a oportunidade rara de estar tão perto dos ídolos que a sensacional revista Realidade imortalizou na minha juventude.
Lembro-me que a Valquíria observou sobre a repetição do refrão que já enfadava os ouvidos.
O tempo foi passando e o PT se consolidando sob a liderança de um metalúrgico que pregava o novo sindicalismo nacional. Um sindicalismo para se contrapor ao peleguismo que o Ari Campista encarnava até o golpe de 1964.
Um novo sindicalismo sem as amarras getulistas!
Um novo sindicalismo liderado por um metalúrgico que se acidentou e se aposentou por invalidez, mas sem perder o contato com as bases. Um líder nordestino de fala carregada e sotaque misturado – ora paulistano do ABC, ora pernambuquês de Garanhuns.
Surgiu então o Lula, que de apelido de Luiz virou sobrenome e presidente da República duas vezes – e com o cacife para eleger a sucessora e ainda permanecer dando as cartas, inclusive, na eleição este ano.
Claro, a história não se repete; o Lula chegou à presidência da República depois de ser sindicalista. Mas, preste atenção: em 1947 o Getúlio Vargas lançou dois candidatos a presidente da República. O plano deu errado e nem um nem o outro se elegeu.
E com o Lula será diferente: a presidente Dilma e a Marina são duas invenções do Lula, com o detalhe de que só a Marina é do PT Lulista; a Dilma só chegou muito depois.
Diga aí! Tem as meninas do Jô e as meninas do Lula.