Brasília – Se a pressa é de fato inimiga da perfeição, então Alagoas é o exemplo mais evidente na Geografia e na História.
Na Geografia o exemplo está no mapa: o Estado de Alagoas foi inventado em 1817, mas em 1945 perdeu definitivamente os municípios de Correntes, Bom Conselho e Águas Belas.
Como assim, perdeu?
É que o pai do Agamenon Magalhães, quando soube que o filho dele tinha sido nomeado governador de Pernambuco determinou ele mesmo que os municípios de Correntes, Bom Conselho e Águas Belas não mais pertenceriam a Alagoas.
E foi simples assim?
E por que foi tão simples assim mudar a Geografia de Alagoas?
Porque Alagoas é o único Estado da federação que não foi conquistado e sim outorgado como prêmio.
Prêmio? Prêmio por quê?
Porque em 1817, quando os pernambucanos se rebelaram e criaram a República brasileira a região ao Sul da província pernambucana não aderiu. A reação contrária a República foi comandada pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha – que decidiu por conta própria tornar independente a região que é dividida pelo rio que separa São José da Coroa Grande de Maragogi.
Do rio para cima permaneceria com Pernambuco e do rio para baixo, até o Rio São Francisco, seria Alagoas, que o ouvidor Batalha decidiu subordinar a Bahia.
São 27 mil quilômetros quadrados empanturrado de água de rios e lagoas, além de banhado pelo mar, que falar de seca em Alagoas é a mesma coisa que falar de falta de gelo no Polo Norte.
Os problemas no ínfimo e ameno semi-árido alagoano só existe porque é preciso mão-de-obra para cortar cana e fazer açúcar e álcool, e a mão-de-obra mais perto e mais barata está no semi-árido.
Só por isso e nada mais.
Alagoas é um Estado pequeno, com terras férteis e abundância de água, mas a julgar pelo que dizia e propunha o grande Graciliano Ramos, o Estado deve padecer da síndrome do vira-lata.
Graciliano sugeriu bombardear a foz do Rio São Francisco e destruir Alagoas para se fazer um golfo no Brasil, pois todo país desenvolvida possui um golfo.
Lembro-me de outra passagem histórica, com o Panteon construído na antiga Praça da Faculdade, no Prado, para receber os restos mortais dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, mas os descendentes não deixaram.
E assim vamos seguindo com o Estado e esse complexo de vira-lata.
E por seguirmos assim, temos então a campanha eleitoral mais escrota do país. Ora com o ridículo das dançinhas escrotas, ora com as acusações e golpes vis que mostram o quanto somos inferiores.
Agora eu entendo o motivo de Alagoas ter sido o único Estado inventado e também o único Estado que foi governado por um argentino.
Nada contra os argentinos, mas o exemplo histórico serve para ilustrar o quanto ainda estamos longe de deixar de ser uma vergonha nacional.
O Biu Maleta vai dançar é no xilindró.