Dilma sofre agora o ataque do fogo amigo
   5 de agosto de 2014   │     15:05  │  1

Brasília – Estava a meditar sobre o episódio que está nas manchetes dos jornais, no rádio e na televisão, e nos discursos da oposição e conclui que se trata de “fogo amigo” – nem tanto amigo assim, e digamos que “inimigos íntimos”, mas fogo que vem do mesmo lado.

Refiro-me às denúncias sobre a combinação nos depoimentos à CPI do Senado, dos envolvidos na compra desastrosa da refinaria nos Estados Unidos.

Que foi um péssimo negócio, isto foi; que alguém saiu levando vantagem – e não foi o Brasil – isto também foi. Mas, que a CPI criada para apurar o caso é apenas o mote para o discurso eleitoral da oposição – isto também é verdade.

É o jogo eleitoral.

Mas, o que se deve analisar é de onde veio o petardo. A CPI do Senado tem 13 integrantes, dos quais 9 são governistas e a maioria deles do PT – logo, se alguma coisa vazou o último suspeito a se investigar é a oposição – que só tem 4 componentes na CPI e nenhum deles com poder de conduzir a discussão.

Logo, a denúncia só pode ter partido de “fogo amigo”. Quero aproveitar para dizer que essa definição – “fogo amigo” – é do amigo e jovem jornalista alagoano Jonathas Maresia. Eu estava procurando o termo certo para o mote desta postagem quando conversei com o Maresia pelo telefone e ele me saiu com essa pérola.

Realmente, a denúncia contra a CPI da Petrobras no Senado partiu de “fogo amigo”.

Para entendê-lo é imperioso saber que a presidente Dilma, embora eleita pelo PT, nunca pertenceu ao PT e sim ao PDT da ala real, ou seja, da ala brizolista. E sendo assim, não tem o apoio do PT – a exceção é o Lula, que deu um nó cego no próprio PT.

No nó cego que deu, o Lula se livrou do José Dirceu – que sonhava em ser candidato a presidente da República e tramava o dia todo e todo dia, até ser alvejado mortalmente ( ou politicamente, como queiram).

A ala do PT ante-Dilma pode estar agindo à palpadela para mexer as pedras na direção contrária à Dilma. Mas essa ala também sabe que precisa se manter no poder e qualquer que seja a reação será sempre na direção de fortalecer o bloco “volta Lula”.

A sucessão presidencial está nesse pé com os disparos do “fogo amigo”. E não é só isso; para entornar o caldo tem o fato histórico e inédito de uma sucessão presidencial onde os dois principais candidatos têm a mesma origem natural – Dilma e Aécio são mineiros.

E nunca, na história deste país, dois candidatos à Presidência da República tiveram a mesma origem seja mineira, carioca, paulista ou gaúcha.

E sendo assim, se já não lhe bastasse a oposição institucional, a presidente Dilma ainda contra com a oposição do fogo amigo – que, mesmo atirando no próprio pé, está disposta a ceder o anel para não perder o dedo.

Até porque, até nisso, só quem perdeu o dedo até agora foi o Lula. Literalmente.

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