Monthly Archives: junho 2014

Linguagem complicada é exibicionismo
   20 de junho de 2014   │     23:54  │  1

por Aprigio Vilanova*

A professora Maria Otilia Bochinni, co-autora do livro Para Escrever Bem, criticou em entrevista, a linguagem utilizada nos meios de comunicação: “as pessoas têm dificuldades de acesso a informação porque está numa linguagem que elas não compreendem”.

O jornalismo tem papel importante no aperfeiçoamento da democracia e na promoção da cidadania. Cabe ao jornalista tornar público os acontecimentos que interferem diretamente no cotidiano das pessoas

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Cerca de 13 milhões de brasileiros são analfabetos e outras dezenas de milhões são analfabetos funcionais (sabem ler e escrever, mas não conseguem interpretar).

Este é um grave problema brasileiro e está diretamente ligado ao fato das pessoas não conseguirem entender o que está sendo dito. Como agravante existe a linguagem inadequada de muitos jornalistas.

Para Otília “não podemos culpar as pessoas analfabetas porque elas não compreendem. Também não podemos esperar que o ensino melhore ao ponto delas compreenderem tudo aquilo que elas têm direito de compreender”

O modo como as informações chegam às pessoas, a construção das notícias, a linguagem utilizada, são aspectos que preocupam a professora. Maria Otilia entende que “é preciso lutar por uma educação melhor, mas ao mesmo tempo é preciso trabalhar para que as pessoas parem de ficar se exibindo por meio da linguagem, porque eu considero que a linguagem muito complicada não passa de exibicionismo”.

Desafio

O acesso à informação compreensível é o grande desafio da comunicação. Os jornalistas existem para informar e a preocupação com a linguagem deveria ser regra. Para Maria Otilia “O jornalismo tem um papel importante na difusão da linguagem acessível, o que vai possibilitar a aproximação do texto a um número maior de pessoas” esclarece.

O jornalismo deveria cumprir um papel de protagonista quando se trata do exercício da cidadania. A linguagem adotada contribui para a manutenção das desigualdades existentes e por outro lado emperra a promoção da cidadania.

*é estudante de jornalismo da Universidade federal de Ouro Preto – MG

A furada do furo do Conti
   19 de junho de 2014   │     16:13  │  0

por Aprigio Vilanova*

Extra, extra, extra Mario Sergio Conti entrevista Felipão após o empate com o México. A conversa aconteceu num vôo Rio- São Paulo. Felipão, na entrevista, deu declarações fortes sobre a seleção, rendeu elogios a Neymar e, de quebra, ainda falou de política.

Pena que tudo não passou de um triste engano para Conti, a Folha e O Globo, que veicularam a entrevista com o sósia do Felipão como se com o Felipão tivesse sido. Após o mal entendido O Globo tirou do ar, a Folha corrigiu, mas a mancada fica registrada.

O jornal espanhol El Pais, ano passado, publicou uma foto anunciando a morte do presidente venezuelano Hugo Chavez. A foto na verdade não era do presidente venezuelano, mas na sede de noticiar em primeira mão, valeu mais errar do que apurar para depois veicular.

O fetichismo pelo furo jornalístico sempre foi um dos pilares da imprensa de livre mercado. A competição entre os jornais pela notícia em primeira mão é diária. Mas o problema dessa perseguição incessante é que nem sempre há uma apuração minimamente preocupada em checar a informação.

A internet com sua velocidade instantânea de transmissão dos conteúdos multimídia potencializou o fetiche jornalístico. No afã de veicular primeiro a pseudo possível notícia o que vemos é o próprio jornalismo virando notícia. Mas a mesma internet que potencializa é, também, a que desmascara a mentira.

*é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto -MG

Por que o ministro Joaquim Barbosa pediu o boné?
   18 de junho de 2014   │     8:10  │  4

Brasília – Quando acontece de um ministro do Supremo Tribunal Federal e ainda mais o presidente da Corte maior de Justiça pedir para sair alegando ter sofrido ameaças o que se pode esperar de pior?

A seleção brasileira não ser campeã; só pode ser isso o pior e mais nada.

O país assistiu estarrecido pela televisão a discussão entre um advogado e o ministro e presidente do Supremo Joaquim Barbosa. Uma cena inédita; nunca ser viu tal cena em corte nenhuma de um país digamos sério.

Aliás, não foi uma discussão e sim um bate-boca.

Mas o mais sério, para não dizer que é o mais grave, é que faltando 11 anos para a aposentadoria compulsória o ministro Joaquim Barbosa encaminha o seu pedido de aposentadoria antecipada com a renúncia ao cargo de presidente do Supremo; não sei se já houve caso igual de um presidente do Supremo renunciar nem de um ministro do Supremo se aposentar antes da chamada “expulsória”.

Se alguém conhece, por favor, me instrua.

Sei pela história do episódio envolvendo o presidente Floriano Peixoto quando soube que o Supremo Tribunal Federal iria conceder habeas corpus para soltar um desafeto político dele, e ele reagiu assim:

Eu quero ver quem é que vai conceder habeas corpus para soltar ministro do Supremo…

Mas, isto foi em outra época. Naquela ocasião a República que se iniciava tinha sido uma invenção do Floriano junto com o Deodoro da Fonseca; hoje é diferente – ou deveria ser e não está sendo.

Afinal, o que se passa? Será que tem mesmo algo de podre no reino da Dinamarca?

Por que o ministro Joaquim Barbosa pediu o boné?
     │     8:01  │  0

Brasília – Quando acontece de um ministro do Supremo Tribunal Federal e ainda mais o presidente da Corte maior de Justiça pedir para sair alegando ter sofrido ameaças o que se pode esperar de pior?

A seleção brasileira não ser campeã; só pode ser isso o pior e mais nada.

O país assistiu estarrecido pela televisão a discussão entre um advogado e o ministro e presidente do Supremo Joaquim Barbosa. Uma cena inédita; nunca ser viu tal cena em corte nenhuma de um país digamos sério.

Aliás, não foi uma discussão e sim um bate-boca.

Mas o mais sério, para não dizer que é o mais grave, é que faltando 11 anos para a aposentadoria compulsória o ministro Joaquim Barbosa encaminha o seu pedido de aposentadoria antecipada com a renúncia ao cargo de presidente do Supremo; não sei se já houve caso igual de um presidente do Supremo renunciar nem de um ministro do Supremo se aposentar antes da chamada “expulsória”.

Se alguém conhece, por favor, me instrua.

Sei pela história do episódio envolvendo o presidente Floriano Peixoto quando soube que o Supremo Tribunal Federal iria conceder habeas corpus para soltar um desafeto político dele, e ele reagiu assim:

Eu quero ver quem é que vai conceder habeas corpus para soltar ministro do Supremo…

Mas, isto foi em outra época. Naquela ocasião a República que se iniciava tinha sido uma invenção do Floriano junto com o Deodoro da Fonseca; hoje é diferente – ou deveria ser e não está sendo.

Afinal, o que se passa? Será que tem mesmo algo de podre no reino da Dinamarca?

O Felipão, o CSA a seleção e o Vasco da Gama
   16 de junho de 2014   │     16:13  │  4

Brasília – Em 1981 eu estava no Rio de Janeiro acompanhando o então governador Guilherme Palmeira; era uma quarta-feira e o CSA ia jogar contra o Vasco da Gama, em pleno Maracanã, acho que pela Copa Brasil.

O Guilherme tinha um compromisso à noite e não podia ir ao jogo, mas pediu que fôssemos desejar sucesso ao CSA – desejo esse que me parecia uma quimera, em todo o caso não custava nada desejar.

A dificuldade inicial foi entrar no vestiário do Maracanã, tarefa que coube ao Roberto Mendes; lembro-me que o Roberto Mendes, que morava no Rio na época, ainda ponderou para o engenheiro Rui Guerra e o coronel PM Nelson Augusto, o chefe do gabinete Militar do Guilherme, que foram incumbidos da missão.

Vocês estão pensando que estão no Mutange, é?

Mesmo assim o Roberto Mendes conseguiu com que todos nós entrássemos no vestiário do CSA para desejar boa sorte na tarefa que nos parecia impossível, que era encarar o Vasco da Gama com o Roberto Dinamite e tudo.

Pois bem, assim foi feito. O Rui Guerra deu o recado do Guilherme desejando boa sorte e coube ao capitão do CSA agradecer. O capitão do CSA era o zagueiro central chamado Luiz Felipe, que hoje é o treinador da seleção brasileira.

Lembro-me da fala do Luiz Felipe agradecendo a visita da delegação do governo alagoano:

Diga ao governador que ninguém aqui veio passear no Rio não e que a gente vai dar tudo em campo.

E assim foi feito. O Luiz Felipe bateu tanto nesse jogo que o Roberto Dinamite raramente apareceu na área e fez o gol num raro momento em que conseguiu chutar a bola, e ainda assim o jogo terminou empatado em 1 a 1.

O Luiz Felipe e o Dick fecharam a defesa e o Luiz Paulo, que era um ponta-esquerda, carioca e ex-Flamengo, se encarregava de arrumar o ataque para o Dentinho empatar o jogo.

O Luiz Felipe só virou o Felipão como técnico da seleção brasileira, mas desde antes, ao encerrar a carreira como jogador de futebol no CSA, ele já jogava no aumentativo. Não era craque, mas se impunha como xerife na área.