O Tiradentes careca e sem barba
   22 de abril de 2014   │     1:11  │  0

por Aprigio Vilanova*

A figura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, permaneceu considerada infame até a Proclamação da República. A memória de Tiradentes ficou obscura por quase 100 anos, só com os positivistas republicanos é que se torna herói oficial da história brasileira.

A Inconfidência Mineira foi um movimento que não saiu as ruas. Ficou na história como confabulação entre integrantes da elite mineira, do século 18, contraria a cobrança do Quinto, imposto sobre 20% da produção de ouro, e da Derrama, cobrança compulsória exercida por soldados da Coroa, inclusive com confisco de bens, para atingir a dívida acumulada da cobrança do Quinto.

Entre os conjurados tinham desde fazendeiros, donos de minas, religiosos e militares de alta patente e o Tiradentes, que de pobre não tinha nada. Mas o fato é que a única pena de morte aplicada foi a execução de Tiradentes, os outros integrantes do movimento foram degredados para a África, alguns com altos cargos na burocracia do Estado português enquanto cumpriam a pena.

A construção da imagem do herói feita pelo positivismo foi para torná-lo um cristo abrasileirado. Tiradentes é representado nas pinturas com barba e cabelos grandes, mas na realidade não era bem assim. Ele era alferes (posto inicial dos oficiais) e não poderia ter aquela imagem, no máximo poderia ter um discreto bigode.

Na prisão teve o cabelo e a barba aparados periodicamente, como todos os prisioneiros, para evitar a proliferação de piolhos. Esta era uma prática comum nas prisões coloniais, como também era comum a execução da forca ser feita com o condenado de cabeça e barbas raspadas.

Dois filmes sobre Tiradentes:

*é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – MG