Por que Alagoas capenga tanto, meu Deus?
   11 de março de 2014   │     13:01  │  4

Brasília – O senador Teotônio Vilela, o pai, tinha umas tiradas interessantes como respostas às perguntas dos jornalistas. Lembro-me de uma delas e não haveria de esquecê-la, porquanto lapidar e histórica.

No começo da década de 1980 e quando a eleição para presidente da República ainda era indireta, o jornalista Cláudio Humberto Rosa e Silva sugeriu que disputasse a presidência da República e o velho Teotônio respondeu:

Impossível. Primeiro eu teria de derrotar o Tancredo Neves.

Teotônio estava no auge; era o “menestrel das Alagoas” com direito a música do Milton Nascimento, mas o Tancredo já conspirava a sua candidatura – que de fato aconteceu e deu no que deu: se elegeu indiretamente, mas morreu antes de assumir.

Na época a política nacional estava nesse pé: os militares e os políticos divididos, e um novo movimento sindical liderado por um migrante nordestino que virou metalúrgico em São Paulo e de vez em quando aparecia em Maceió e se empanturrava de pinga e massas na Macarronada do Edson, na Ponta Grossa.

Era o Lula.

Na época, havia em Alagoas alguns atrativos que precisam ser levados em conta:

1) O Estado era governado pelo Guilherme Palmeira, irmão do líder estudantil e preso político Vladimir Palmeira. Exatamente por isso, o Guilherme foi o último nome anunciado porque a ala dura dos militares pressionavam o general Geisel e o presidente do partido oficial, Francelino Pereira, já havia indicado o então deputado federal Geraldo Bulhões.

2) Era a terra do Teotônio Vilela, o rebelde.

3) Os metalúrgicos de São Paulo e o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas foram as duas únicas categorias de trabalhadores no país que ousaram desafiar a lei antigreve, com o “agravante” de os jornalistas alagoanos serem liderados por um ex-preso político ( Dênis Jatobá Agra ), acusada de fundar o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário.

4)  Quando o Lula foi preso, o velho Teotônio entrou no porta-malas do Opala do então delegado da Dopse de São Paulo, Romeu Tuma, para burlar a imprensa e visitá-lo.

A história do país tem o crivo alagoano desde a Proclamação da República; e não dá para entender o motivo de o Estado capengar tanto, só faltando mesmo desaparecer do mapa.

COMENTÁRIOS
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  1. FRED

    O QUE SE LAMENTA É QUE ESSES QUE DIZER SER ALAGOANOS NADA, MAIS NADA BENEFICIOU O NOSSO ESTADO, ELES SE LOCUMPLETARAM, E NOS AIDA PAGAMOS POR ISSO, O QUE VEMOS CONTINUAM DO MESMO JEITO, POIS LULA COM RELAÇÃO A ALAGOAS NADA FEZ, COM EXCEÇÃO DE AMPLIAR O BOLSA ESCOLA, HOJE BOLSA-FAMILIA.

  2. Romulo

    Capenga porque ainda tem muita mediocridade. Se olhem no espelho e vejam que essas estórias contadas como verdades de uma liderança pautada no,revolucionário não cabe a um homem que só resolveu se rebelar contra a ditadura meses antes de morrer, uma vez que sempre foi boêmio e ao que me consta nunca lutou por melhorias da sociedade.
    Alagoas paraíso das,águas e berço da mediocridade.

  3. Arnaldo Barros

    Pois é Vila, eu vi uma matéria que o Governo de Pernanbuco, ta se empenhando para reabri 02 usinas. Enquanto as daqui fecham visinho abre é o Estado Capenga.

  4. Valdeck

    Alagoas capenga porque não se libertou do jugo coronelista dos donos de terras, leia-se usineiros, que usam a política como meio de aumentar o fosso entre ricos e pobres alagoanos. E assim sempre foi desde sua emancipação ao escolher ficar ao lado da Coroa portuguesa até às diretas já, quando vivia-se de braços dados com os militares. Com o fim da ditadura militar e o consequente enfraquecimento do poder ditatorial, a elite alagoana não perdeu a oportunidade em ocupar o vácuo, mantendo os moldes da política militar onde quem decidia o destino político e econômico do Estado eram 6 famílias “bem nascidas”, retirando de cena uma possível participação política popular alagoana. Por isso, temos até hoje altos índices de analfabetismo, de mortalidade infantil, de miserabilidade extrema para a maioria da população que é desassistida, enquanto uma minoria burguesa locupleta-se com cargos comissionados sem sequer pisar nas instituições estaduais que as contratou para trabalhar e servir à população alagoana. As escolhas e prioridades de seus filhos ilustres deixaram o ônus ao Estado que não merece ser vilipendiado por tais políticos e tais famílias. Alagoas ainda há de ser um Estado promissor, desde que saibamos escolher quem nos representam, seja na Assembleia Legislativa, na Câmara de vereadores, na prefeitura ou no governo do Estado.

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