É assim que me reanuncio, agradecendo a todos os que me deram ajuda, apoio e força. Agradecendo àquela moça, cujo nome não me lembro agora, por ter-me perguntado assim bem na hora se eu estava me sentindo bem.
E eu não estava.
O braço direito fraquejava e a cabeça doía, e quando a cabeça dói já me ensinaram com propriedade que é sono, fome ou o fígado refugando a carne – é excesso de álcool ou de gordura.
Mas àquela altura era mais do que isso o que se passava e assim me atestou o doutor: o senhor teve um derrame! Tenha calma e relaxe, mas como poderia relaxar diante de um quadro tão grave jamais vivido?
44 anos fumando e outro tanto bebendo, o que estava eu colhendo era a crônica de uma morte anunciada. Vou me pegar com Deus – pensei eu, mas tive vergonha. Como eu um indeciso e só por uma aflição medonha iria agora apelar para Ele?
Fui deixando então a coisa acontecer. Estava convencido de que chegou a hora de pagar a conta e que de nada adiantava fazer de conta que não era para valer. Um derrame e em seguida o outro – e ensinava a doutora que, via de regra, o terceiro viria fatal.
E não veio, felizmente.
Foi um susto. Ou como dizem os amigos: um aviso, um recado divino. Mas precisava ser assim tão cruel? Se cada um de nós tem na terra que desempenhar um papel, não é melhor avisar para não confundir com o papel marche?
E sendo assim fica a lição. Vamos agora com os pés no chão celebrar a vida, que não é e jamais será eterna, mas como diz o Gonzaguinha ninguém quer a morte. Que tenhamos, pois, muita sorte e saúde renovada de novo.
Porque no ano passado eu morri, mas este ano eu não morro.
NA – Obrigado Antônio Nóia e a todos da Santa Casa, aos companheiros Carlos Melo, José Ronaldo, Eudes, Theodomiro, Gracinha, Maresia, Ailton Vilanova, Eliane Aquino, Júlio Cesar, e ao Milton que está ressuscitando o CSA e também deu força para me ressuscitar. Ao Marcelo Firmino e aos meus filhos Walace, Thaisa, Aprígio, Nelson, Jorginho e Débora.
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Caro Vilanova,
Somente agora soube de sua indisposição. Pela sua verve, vejo que está em grande forma. Não sei se vc ocupou uma enfermaria do SUS ou ficou nas alas dos convênios. Vou alimentar sua sede jornalística. Se esteve no SUS, vc causou um grande prejuízo à Santa Casa. Se a ala dos convênios o abrigou, fique certo: parte do pagamento serviu para cobrir os rombos que os pacientes do SUS causam. Indistintamente a todos os hospitais. E em todos os internamentos. Qualquer que seja o procedimento há prejuízo. Resta saber qual o procedimento menos danoso às finanças dos hospitais. Não culpo só o PT e aliados pela catastrófica situação. Seria injusto. Há 15 anos que não há reajustes razoáveis nos preços das diárias. Se o ilustre amigo, por infelicidade necessitasse dos serviços profissionais de um neurocirurgião… Digamos que houvesse indicação para uma craniotomia descompressiva para tratar o seu AVC, pelo SUS, o seu modesto admirador receberia cerca de duzentos reais… Se alguém com patologia semelhante precisasse ocupar uma UTI por 20 dias, daria um prejuízo ao hospital de cerca de cem mil reais. Se a cirurgia fosse pelo convênio, os honorários médicos seriam de cerca de seiscentos reais. Pensando bem, até que não é tão mal. Os cubanos recebem isso por um mês de trabalho e estão felizes, trabalhando por amor à medicina. Nós é que somos gananciosos e não amamos nossa profissão.
A Nossa Menina Santa não abandona a quem humildemente lhe pede uma chuva de suas Rosas Perfumadas. ACESSIBILIDADE, um direito de todos.
Grande amigo…Que felicidade ler um texto com a assinatura de Roberto Vilanova…Que o aviso tenha sido suficiente…E que em 2014 essa senhora que tentou te abraçar fique bem longe…Pelo bem de todos.
Torço pela sua total recuperação.
E agradeço a Deus por isso.
Tenho muita admiração pela sua história de vida!
Sei que na sua essência você continua sendo aquele jornalista de vanguarda, e mesmo lhe faltando a liberdade tão necessária em seu ofício, você ainda consegue argumentar de forma impar!
Aproveite a chance e nos brinde com seu talento!
Torço para que se recupere em definitivo e aproveite cada minutinho da sua vida.
A nossa vida é muito curta,é melhor ser feliz hoje,amanhã pode ser tarde de mais.
Abraço
Bob, meu caro:
Deixe de “quarto de hora”. Quem era essa tal que pretendia lhe levar? Se tentou, se deu mal – nós nos demos bem.
Saúde e, se possível, um pouquinho de juízo. Pelos tantos que lhe admiram e amam.
Abração,
Ricardo Mota