Ontem foi o samba, a capoeira, o futebol, o teatro, o cinema e hoje é o rolezinho
   23 de janeiro de 2014   │     19:16  │  10

por Aprigio Vilanova*

A periferia das cidades brasileiras carece da infraestrutura mínima para uma vida digna, falta escolas, postos de saúde, saneamento básico, água encanada, luz elétrica, coleta de lixo, áreas de lazer, falta muita coisa nestas regiões das cidades.

A falta de lugares para a diversão faz com que surja a apropriação de outros lugares da cidade por parte destes jovens. O rolezinho deve ser entendido como um grito da periferia por atenção, por uma cidade que acolha mais do que segregue.

Os crimes, se cometidos pelos rolezeiros, já constam no código penal e podem ser punidos sem a necessidade de liminar proibindo o acesso deste ou daquele grupo. A proibição de movimentos desta origem vem de uma mentalidade preconceituosa que ainda vigora no país.

Por vezes vemos vídeo de grupos imensos em shopping centers fazendo algum tipo de intervenção artística, ou de alunos aprovados na Pontifícia Universidade Católica – Puc, de São Paulo, promovendo um rolezão num shopping paulista. Estes grupos podem fazer rolezões. O rolezão se torna um problema de polícia quando os integrantes se enquadram no estereótipo do bandido, e aí este estereótipo é o problema.

Os rolezinhos dos negros são historicamente proibidos no país, assim é desde a colonização brasileira. São 514 anos em que os negros e os índios são proibidos de dá um rolezinho no Brasil.

Criminalização

A polícia é o único braço estatal a freqüentar assiduamente as periferias brasileiras desde a origem da favelização, sempre acionada para resolver os problemas que fogem de sua alçada. O Estado brasileiro logo criou leis para criminalizar qualquer movimento oriundo desta camada da população, assim foi com o samba (ser pego com pandeiro rendia a prisão por porte de arma), com a capoeira a mesma coisa. Em Alagoas tivemos o Quebra de 1912, a destruição dos terreiros de umbanda e candomblé, agressões e assassinatos de líderes religiosos, promovido por milícias armadas.

Até o início do século 20 exista lei proibindo a matrícula de crianças negras no ensino público brasileiro.  Existiu a lei da vadiagem, qualquer indivíduo que estivesse na rua e a guarnição policial julgasse que se enquadrava na lei da vadiagem seria preso, e aí já sabemos quem eram os vadios. No futebol também era proibida a entrada de jogadores negros, assim como ocorreu no teatro e no cinema.

Os negros, o pó-de-arroz e o Fuminense

O caso do Fluminense – RJ é o mais simbólico revelando a mentalidade brasileira. O time é conhecido como pó-de-arroz devido aos seus jogadores negros serem obrigados a passar pó de arroz no corpo para se branquearem.

 

* é estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto – Ufop

COMENTÁRIOS
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  1. Paulo

    Texto ridículo, baderna não é protesto. Não é porque são negros, brancos, ricos ou pobres, mas sim por conta da baderna em local inapropriado.
    Tá defendendo o rolezinho para aparecer em cima de polêmica?

  2. Senae

    Sinceramente, já fui censurado aqui. Pra quê comentar se há uma pessoa que não concorda com o que você disser e não publica? Quando você diz que nossos representantes são os piores que temos tanto na esfera federal como estadual, que nunca demonstraram preocupações com o futuro, que nunca planejaram ações que orgulhassem os alagoanos em termos de cidadania, que continuam enganando o povo com falsas promessas e que sempre andam despreocupados porque têm um cinturão de segurança em torno deles em detrimento dos que vivem inseguros, o mediador, pra defender o patrão não publica.

  3. Antoniobrasil

    Continuação…Os tais rolezinho,são patrocinados pela imprensa em geral e principalmente pelo Bob(que não pesquisa antes de escrever)como massa de manobra com a finalidade de hipnotizar o povo para desviar a atenção dos verdadeiros problemas que predominam o desgoverno do PT,como exemplo:os crimes bárbaros,os roubos,sequestros,assaltos aos bancos(que o seguro paga depois,máfia) e principalmente o tráfico de drogas!…Logo após o bombardeio de notícias sensacionalista,plantadas,inventadas,patrocinadas pelo sistema atual (Lula,PT e seus mensaleiros),vem:carnaval,copa e eleição!continua…

  4. Antoniobrasil

    O Preconceito Sempre Existiu:Se você vem da roça para uma pequena cidade,é chamado de caipira(pode ser branco,preto,amarelo ou vermelho);se você vem de uma pequena cidade para a capital,é discriminado;se você sai do nordeste para o Sul,da mesma forma;se você sai de um País latino para os Estados Unidos ou para a Europa,pior ainda…Os tais rolezinhos,inicialmente foram organizados por traficantes das favelas de São Paulo,inconformados porque a Policia Militar,proibiu os bailes funk nas ruas,que na realidade são festas organizadas por traficantes que servem como ponto de drogas…Continua!…

  5. Gustavo Gomes

    Ui!
    Parabéns pelo texto. Muito amplo e elucidativo com poucas palavras. Os comentários são de uma “pimentaria” que mareja olho. Caminhá-se. A violência humana é para sempre. Minimizar é questão organizacional. Passaremos por estas e não vislumbraremos a mansidão. seremos apenas condutores. Deus me livre de voltar. Saúde aos dois Villas Novas por muito tempo.

  6. marcos hum

    O “rolezinho” é falta de PIABADA.
    Mas o fato é que falta, também, educação, segurança e saúde neste Estado.
    A culpa é desses políticos que além de fazerem as leis só pra eles, ainda assaltam os cofres do governo.

  7. Evandro

    Você como jornalista está certo em colocar a informação sobre essa ótica, é como direitos humanos, pode não ser bem assim mas fica com uma escrita bonita e poética, atrai os mais desatentos, mas como sempre nunca quer colocar a responsabilidade do comportamento a quem cabe, nesse caso como sempre: O POVO, é simples; Você por acaso quer estar com mulher filho pequenos (crianças), mãe idosa no shopping no momento de um rolezinho? sabendo que pelos históricos os rolezinhos dão problema e como em qualquer outra turma ou grupo social tem bandido, você quer? A resposta sincera é não, o sim é poético, coisa pra inglês ver, vivemos numa sociedade capitalista, ou seja, a sua ausência e a minha do shopping faz com quem alguém que investiu milhões não ganhe dinheiro, aí fica igual à maioria das empresas de Alagoas, quebrando, ou seja: são ações tomadas por pessoas do povo em virtude de um comportamento do povo, ou você vai me dizer que só você no mundo não treme quando topa de madrugada num beco escuro com um cidadão com esteriótipo que a sociedade já criminalizou como bandido? pois é, esse medo muita gente tem, e tem direito de não estar perto deles, e se o shopping quer fechar é direito dele, daqui a pouco vão querer mandar até no ente privado. O povo Bob o povo! e acredite a maioria esmagadora são os que defendem os rolezinhos!

  8. Carlos

    Sinto muito mas, esse tal de rolezinho, não tem nada a ver com “um grito de periferia por atenção”! Nada contra manifestos, movimentos e protestos justos! O problema é que no meio da garotada, com certeza, irão uma meia dúzia de baderneiros e aí, vão tumultuar, assustar a população, prejudicar os comerciantes e causar depredações e vandalismos! Ver se há 20, 30 ou 40 anos atrás, a juventude era cheia de presepadas que nem as cometidas por alguns adolescentes de uns tempos para cá! A juventude daquela época, de um modo geral, só pensava em estudar, se formar, trabalhar e se portar com decência para serem homens e mulheres de bem! De uns tempos para cá, com esse negócio de proteção aos adolescentes, muitos menores se aproveitam para praticar isso ou aquilo pois, sabem que não vai dar em nada! Se as autoridades competentes não souberem agir com serenidade nesse caso, a coisa pode descambar para a bagunça!

  9. breno

    Esse Aprigio deve ser um daqueles marginais que faz rolezinho nos shoppings. Se instrua, defenda uma educação de qualidade, mais segurança, melhor atendimento no SUS e aproveite pra guardar a sua opinião sobre a maloqueiragem somente pra vc.

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