Médico cubano pede um cavalo para ir até onde o povo está
   11 de novembro de 2013   │     12:43  │  12

Brasília – Na revista Isto É da semana passada  ( Nº 2294) tem uma entrevista que todos deveriam ler, especialmente os médicos brasileiros que criticam e boicotam o programa Mais Médicos.

Para mim, a entrevista foi um afago no ego por vários motivos:

1) É a entrevista de um médico. Mais que médico, um cientista que preside um dos maiores e melhores hospitais da América Latina.

2) Na entrevista, esse médico diz o que eu disse em postagens anteriores. Ou seja: não é  a “falta de condições de trabalho” que impede o médico brasileiro de trabalhar no interior.

3) E, para minha satisfação, eu entrevistei o dr. Cláudio Lottenberg, em 2001, para a GAZETA DE ALAGOAS. Escrevi uma página com ele tratando da clonagem humana.

Em 2001, o dr. Cláudio Lotenberg tinha 41 anos de idade e já era presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira, que mantém em São Paulo o Hospital Albert Einistein.

O dr. Lotenberg é oftalmologista e está hoje com 53 anos de idade. A jornalista Mônica Tarantino, que o entrevistou, perguntou-lhe o que achava do programa Mais Médicos. Leiam a resposta do dr. Lotenberg:

-“É um programa que nasce como uma iniciativa de curto prazo, voltado para suprir carências. A presença dos médicos em localidades onde não havia ninguém para atender a população trará bons resultados. Eles irão dar assistência a pessoas que sofrem, sem saber, de males como pressão alta e diabetes. Isso não demanda tecnologia, mas um médico bem preparado. Outro acerto é o fato de a sociedade se mobilizar em torno do reconhecimento de que a falta de médicos e a sua distribuição são um problema.”

Que lindo, não?! Que lindo e quão importante saber que, apesar da medicina mercantilista brasileira, onde o importante é a doença e não a saúde, tem profissionais do quilate do dr. Lotenberg!

E sabe o que o dr. Lotenbergh disse mais? Ele disse:

– “Os profissionais do exterior não vão competir em São Paulo. Eles estarão no interior do país, como no Acre, Estado onde o governador não consegue intensivistas nem por 25 mil reais!

Vamos repetir: o governo do Acre oferecia salário de 25 mil reais, quase o teto constitucional, e nem assim conseguia os médicos que faltavam no interior.

Chega a ser até criminosa a reação contrária ao programa Mais Médicos. Só um profissional venal e que exerce a medicina mercantilista pode ser contra a presença de médicos no interior do país e nas quebradas das cidades.

No domingo, nos encontramos eu e os companheiros jornalista Jorge Henrique, assessor do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, e a jornalista Nadja Piauitinga, assessora do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Ela contou-me os bastidores da chegada de médicos em comunidades carentes; contou-me sobre o pedido do médico cubano que optou por trabalhar numa tribo e do outro médico cubano que, no lugar de pedir um carro, pediu um cavalo para chegar às comunidades instaladas em locais íngremes.

A entrevista do dr. Lotenberg lavou-me e enxugou-me a alma. Eu disse, digo e repito que a questão não é “falta de condições de trabalho”. Isso é conversa.

A questão é que a medicina mercantilista vive da doença – que dá lucro. Eles não estão e nunca estiveram interassados com a saúde, porque a saúde dá prejuízo.

Imagine o borracheiro que não tem cliente porque a rodovia está um verdadeiro tapete e não tem pregos nem pedras na rua. Com certeza, o borracheiro vai protestar.

Mas ele tem razão?

Viva pois os médicos estrangeiros! E que os cubanos, especialistas na anti-medicina mercantilista, façam a cabeça de todos nós na direção de uma medicina onde o importante seja a saúde.

COMENTÁRIOS
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  1. DANIEL BESERRA BONIFACIO

    Seu texto cotêm um radicalismo cego, preconceito e generalização. Até romantiza com um herói chegando à cavalo numa comunidade distante. A classe médica brasileira, em sua maioria, reproduz a mesma ideologia conservadora da pequena burguesia nacional. Mas tratar este debate como uma “luta de classes” é puramente retórica. Retórica usada pelo governo federal pra fazer um remendo apressado e “emergencial” chamado de “Mais Médicos”, foi uma excelente peça publicitária e também serviu pra acalmar um pouco a indignação difusa das ruas. Não ataca nem de longe os problemas estruturais da saúde brasileira e nem trata de financiamento pra um setor onde falta muito dinheiro. Cadê a reforma tributária? E por que tanto dinheiro pra dívida pública? Governo tímido, morno. O problema da falta e da má-distribuição deveria ser encarado de forma mais planejada, não improvisada. O que impera nos interiores do país é coronelismo, arbítrio, pressão política sobre o trabalhador, precarização do trabalho, falta de estrutura mínima de trabalho, contratos de trabalho de boca sem direitos trabalhistas nem estabilidade. Confesso que não sei andar à cavalo, falha minha por ter sido criado na periferia de Maceió, na Brejal, nunca fui acostumado a conforto, mas estou nos grotões do interior atendendo. Caro Ticianeli Edberto, se você fosse médico do interior por 01 mês…
    O governo do PT fez o Brasil avançar, ainda que timidamente em vários aspectos. Mas na saúde foram doze anos financiando a medicina privada, planos de saúde de baixa qualidade via BNDES, para um proletariado com um pouco mais de dinheiro chamado de nova classe média. Também incentivou a terceirização e as OSS, provavelmente um governo tucano seria pior, mas o debate não deve se restringir a isso.

  2. André Oliveira Médico

    Falta de condições de trabalho… Sr. Villanova, o que acha de atender em “posto de saúde” faltando água para lavar as mãos, passando infecções de um paciente para outro, com a privada “fedendo”, e com o tensiômetro quebrado?
    Mande um cubano . Se não resolverem essas condições mínimas, será a medicina do século XVIII.
    Não ataque a classe médica como um todo, sem viver o nosso dia-a-dia.

  3. Klécia Oliveira

    É incrível a reação dos representantes da medicina mercantilista ao Mais Médicos. Recentemente, uma nota do Sindicato dos Médicos de Alagoas assustou o país pela xenofobia raivosa. O documento parecia um “capítulo da saúde” extraído de manuais nazi-fascistas.
    Esse mesmo sindicato fez ensurdecedor silêncio quanto um punhado de médicos foram detectados como “fantasmas” na Assembléia Legislativa de Alagoas.
    No mais, viva os Mais Médicos e os Médicos Sem Fronteiras!

  4. melo

    Õxi seu minino…esse cubano do cavalo tem futuro em terra tupiniquins. Logo logo ele fará uma promissora carreira política,bastando para isso se revelar devoto fervoroso (desde criança)em Frei Damião, a$$essorado por
    Frei Fernando, e distribuindo máquinas de costura. Cobertura jornalística marrom não haverá de faltar,e breve o cavaleiro apeará no senado a fazer companhia a tantos outros que, arautos do socialismo,bradarão, “o povo que se exploda “!!

  5. PELA VIDA LUTAR

    BRUNO, A QUESTÃO NÃO SÃO AS CONDIÇÕES DOS HOSPITAIS, POIS SABEMOS QUE HOSPITAL PUBLICO NO BRASIL E EM ALAGOAS É UMA PORCARIA, A QUESTÃO É QUE TEM QUE TER PELOS MENOS UM CRISTÃO QUE VÁ LÁ, NEM QUE SEJA DE CAVALO PRA DAR PELO MENOS UM COMPRIMIDO DE DOR DE BARRIGA OU UM VERMÍFUGO, E LÁ TU NÃO VAI, INCLUSIVE JÁ FOI BUSCAR MELHORAS EM OUTRO ESTADO. PORTANTO QUEM ESTAR PRECISANDO, POUCO IMPORTA SABER SE É CUBANO OU PORTUGUÊS, ELE QUER SER ATENDIDO, MESMO SABENDO QUE FALTA TUDO, POIS AMENIZA O SOFRIMENTO DE QUEM ESTAR COM UMA MICOSE A QUASE UM ANO SEM PODER COLOCAR OS PÉS NO CHÃO. AGORA O QUE VOCÊ ESTÁ É PREOCUPADO É COM UMA COISA QUE VAI DOER TUA ALMA QUANDO EU FALAR: “RESERVA DE MERCADO”, OU SEJA, TU NEM VAI E NÃO QUER QUE NINGUÉM VÁ PARA QUE UM DIA TEU EMPREGO ESTEJA ALI GARANTIDO, ISTO É SATÂNICO E EGOÍSTA.

    1. Bruno

      Cara,preocupado com emprego eu não estou,isso eu posso te garantir.Na minha área não veio cubano e seria uma estupidez do governo trazer médicos de origem duvidosa para trabalhar na minha área,a linha entre a vida e a morte é muito tênue;um erro,por mínimo que seja,deixa o paciente sequelado ou morto.Eu sai do estado para poder fazer medicina com dignidade,trabalhei em dois interiores depois de formado,um passei 3 meses,sendo que recebi apenas o primeiro mês,o resto o prefeito mandou que eu fosse a justiça para receber,no outro eu saí por que perdi um paciente com câncer de intestino de uma forma terrível,sabendo que poderia reverter se tivesse sido tratado,mas a cidade não tinha estrutura nenhuma,era remar contra a corrente.A maioria dois médicos não vão a esses lugares por que tomam calote das prefeituras,não temos garantia nenhuma que elas realmente pagarão,se esse governo instituísse um plano de cargo e carreira e locais com condições mínimas de trabalho,médicos não faltariam nesses interiores.

    2. Joilson Gouveia Bel&Cel RR

      Digamos que as questões sejam estas duas levantadas pelo amigo ANÔNIMO “pela vida lutar”, de quem é a obrigação de POR os médicos lá: dos médicos ou dos competentes secretários e ministros de Saúde e seus respectivos governadores e prefeitos?
      Falaê, sr anônimo, já que o blogueiro fica calado, silente e mudo às nossas questões?

  6. Bruno

    Agora a noite cheguei ao hospital onde trabalho e mostrei a um colega,também médico da emergência a sua ladainha e critiquei a posição do presidente do Albert Einstein .Ele sorriu e me pediu 5 minutos e foi em sua bolsa pegar o tablet.Ele pegou para me mostrar uma notícia de um determinada revista,onde falava da construção da faculdade de medicina do Hospital Albert Einstein,onde já se tem a promessa de um terreno de 8000 metros quadrados para a construção do prédio da faculdade,certeza que essa faculdade,que será erguida aqui no Morumbi,não será formada por alunos de classe baixa e nem ensinará a medicina cubana.Com essa promessa fica complicado acreditar que ele apoia a iniciativa do governo por questões ideológicas e não pensando no lado empresarial do mesmo.

  7. Joilson Gouveia Bel&Cel RR

    A MORTE ANDA A CAVALO OU VEM A CAVALO, DIZ-NOS, BOB – THE BOBO!
    Nada mais justo de que ele peça um “veículo” que está acostumado a usar na sua ilhota natal – até porque ele nem saberia usar nem mesmo uma bicicleta quanto mais uma moto ou um automóvel, pois somente Los Hermanos Castros os tem – e num cavalo combina muito bem e ainda fez-me lembrar daquele faroeste americano: a morte anda a cavalo (ou vem a cavalo); qual é mesmo, Bob?
    Ademais, majora ou duplica o “atendimento” e as visitas: um burro a cavalo sempre rende mais, pelo menos em quantidade! A visita é dupla ou dobrada. Ou não?
    Permita-me preclaro médico e ponderado leitor Bruno, nunca se agaste e nem perca sua serenidade com os escritos de “Bob, que não é bobo e nem se faz de bobo, nem rasga dinheiro e nem come merdas e nem DÁ bobeiras e muito menos dorme de toucas e chupando chupetinhas ou com o dedinho na boca”.
    Bruno, ele apenas segue à risca sua cartilha doutrinária do “Toinho” ou “tonico-gramsciana” enquanto arauto esquerdistapata, marxistapata, leninistapata, maoistapata, socialistapata, facistapata e lulista-dilmistaPATAS (o fito foi, é e será este: IMPUTAR aos médicos do Brasil a IRRESPONSABILIDADE NEFASTA E O DESCASO OMISSIVO CRIMINOSO DA SAÚDE, “nestepaiz” e nesses mais de dois lustros e meio de 10governo petralhistas mensários).
    Portanto, Bruno, releve e perdoe ao Bobpata, é incurável sua alienação, sabias? – Ah! a propósito, sobre o enfermo amargando o descaso e sofrendo as agruras da indolência, incompetência ou leniência desses insensíveis e inservíveis secretários de Saúde ou “pseudosgestores” do SUS, o Bob bobo e bobo Bob sequer escreveu uma vírgula sobre o paciente e seu suplício; notastes?
    Caro Bruno, até a próxima farsa de 2014 – as invulneráveis eleições eletrônicas – eles e seus arautos IMPUTARÃO RESPONSABILIDADES DELES PRÓPRIOS aos que nada tem a ver com a INCOMPETÊNCIA desse atual 10governo que sucedeu ao anterior, tão competente quanto a atual “gestão”, sabias?
    Ele já menosprezou aos Poderes Judiciário e Legislativo, nossas Forças Armadas e aos Tribunais de Contas, aos procuradores, promotores, nossas instituições policiais, as religiões e igrejas e seus padres e pastores, mas, em contrapartida e na contramão da democracia sã, salutar e popular, enalteceu aos anônimos mascarados e elogiou aos vândalos baderneiros, bandidos e depredadores Black Block e outros arruaceiros de sua estirpe e naipe e ideologias. Ou não?
    Abr
    JG

    1. Bruno

      Caro colega,o que mais me dói,não é a questão de reserva de mercado,como o leitor já falou,o que dói é ser julgado como um Judas como pessoas que não conhecer a saúde brasileira.Mas vamos ver depois de 2014,o governo está segurando como pode a inflação,pois se estourar ameaça a candidatura da presidente.Mas vamos ver,um dia as máscaras caem.
      Abraço

  8. Bruno

    Apesar de não morar mais em Alagoas eu sempre busco os sites de notícias para acompanhar as notícias da minha terra e percebi uma coisa,quando o senhor não tem o que escrever,o senhor procura nos atacar.
    É até cômico,a opinião do Dr. Claudio Lottemberg,dono de clínicas enormes e luxuosas,situados nos melhores bairros de São Paulo e diretor do Hospital Israelita Albert Estein,onde acho que não tenha NENHUM cubano contratado para atender os figurões que de lá são clientes.Nada contra os sucesso empresarial do colega,mas é demagogia ele como um médico da elite falar de como é o atendimento em uma unidade de saúde que as vezes nem água tem.A revolta de nós,médicos,é sermos atacados por pessoas como o senhor,que nada sabem sobre a saúde brasileira.Semana passada houve aí no HGE um caso de um senhor que estava com miíase na boca devido a um câncer,esse senhor é o retrato do descaso com a saúde brasileira,se houvesse um hospital que pudesse fazer o acompanhamento ambulatorial daquele paciente ele não chegaria àquele quadro terrível a que chegara,o caso dele não seria resolvido com um cubano chegando a cavalo dando-lhe um abraço,esse senhor precisaria de cirurgia ou radioterapia,qualquer outra coisa seria enganação.Uma sugestão,em vez de tomar opiniões de assessores de políticos petistas ou médicos da elite,tome a opinião de algum médico do HGE,quem sabe o senhor não faria o papel inerente a sua profissão,que é de informar,e não formar opiniões como o senhor sempre faz

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