Monthly Archives: outubro 2013

Ufa! Alagoas terá sobra de R$ 20 milhões por mês…
   24 de outubro de 2013   │     17:37  │  7

O senador Renan Calheiros e o ministro Guido Mantega se trancaram no gabinete do presidente do Senado, antes da discussão do “pacto federativo”, pelo qual vai se poder finalmente remover o indexador perverso da dívida dos estados e saíram da reunião satisfeitos.

A notícia de que o IGP-DI será substituído já foi um alivio; qualquer que seja o substituto será infinitamente melhor que o IGP-DI.

Renan disse isto ao ministro Mantega e já havia dito antes a própria presidente Dilma, quando defendeu a utilização do IPCA para corrigir a dívida dos estados. Na ocasião, Dilma aquiesceu quanto à substituição do indexador e propôs a taxa Selic – que também é melhor que o IGP-DI.

Com a troca, Alagoas e o município de São Paulo são os dois maiores beneficiados porque tem sido até agora os mais penalizados com a carga cobrada. Só para se ter ideia, Alagoas pagava além da correção do IGP-DI, o juro de 9% enquanto o Estado de São Paulo pagava juro de 7%.

A sangria mensal entre Alagoas e o município de São Paulo era quase igual; em Alagoas são quase 50 milhões de reais descontados para pagamento da dívida e, no município de São Paulo, 52 milhões de reais.

Com a mudança do indexador, seja para o IPCA ou a Selic, Alagoas terá esse valor mensal reduzido para menos de 30 milhões de reais o que possibilitará a sobra de caixa em torno de 20 milhões de reais.

Mais 20 milhões de reais por mês, para Alagoas, é mais que uma benção. A questão agora é fazer bom uso do dinheiro que vai sobrar – senão, a bola de neve volta a se formar novamente.

– “O governo vinha corrigindo a dívida dos estados usando o indexador do agiota mais cruel” – disse o presidente do Senado, Renan Calheiros.

A dívida de Alagoas já está beirando os 10 bilhões de reais e a oportunidade de se rever os métodos e costumes na administração pública é agora, depois desse período de sufoco com o rombo mensal de quase 50 milhões de reais – e que vai baixar para menos de 30 milhões de reais.

Mas, repete-se, de nada vai adiantar se a lição não foi aprendida.

Êita! O nome do cubano é dr. Osvaldo Cruz Ramirez!
   23 de outubro de 2013   │     12:42  │  11

A partir desta quarta-feira começam a circular no país duas identidades de médicos; uma é expedida pelos Conselhos de Medicina e a outra pelo Ministério da Saúde, via Casa da Moeda.

As duas identidades de médicos em circulação no país significa a ruptura do “status quo”, com a ênfase à medicina mercantilista onde o objetivo é a doença e não a saúde.

Aliás, sobre isso, pensem no que o médico cubano Angel Lemes disse aos jornalistas que cobriram a solenidade de lançamento oficial do Programa Mais Médicos, com a presidente Dilma, na terça-feira.

– “Eu vivo para a Medicina. Eu não vivo da Medicina. Esse é o meu lema”.

O dr. Angel Lemes é casado e tem dois filhos; a família ficou em Cuba e ele se embrenhou em Tocantinópoles-GO para cuidar dos índios Apinajé – que estavam morrendo à míngua.

Ele explicou aos jornalistas que, em Cuba, o estudante que quer fazer Medicina assina um termo de compromisso aceitando ir trabalhar onde o governo mandar, dentro ou fora de Cuba.

– “Existem médicos cubanos em 60 países. Eu mesmo já trabalhei no Haiti, em Gana e em Angola. Nós pertencemos à Organização Pan-Americana de Saúde” – completou o dr. Angel.

Essa ruptura do “status quo” é o que incomoda e alimenta a reação contrária ao Programa Mais Médicos. E isto ficou evidente na manifestação hostil de médicos em Fortaleza, que desceram às raias da indecência e da covardia.

Mas a manifestação hostil em Fortaleza, o que levou a presidente Dilma a pedir desculpas ao médico Juan Delgado, o mais visado pela gentalha brasileira, teve o lado positivo – que foi desmascarar os discursos dos que se posicionaram contra o programa.

Disseram que estavam preocupados com a saúde do povo, e tudo conversa; disseram que estavam preocupados com os “direitos humanos” dos médicos cubanos, e outra mentira.

A única preocupação é com essa ruptura do “status quo”, porque os médicos cubanos são formados para viveram “para a Medicina” e sabem que a verdadeira Medicina é a preventiva.

Os vetores das doenças são:

1) Falta de saneamento básico e esgotamento.

2) Falta de água potável.

3) Fome

4) Analfabetismo

5) Desemprego

São 2 mil médicos cubanos embrenhados no interior do país mostrando aos rebotalhos humanos segregados que eles têm direito a um médico na porta.

Ah! Não tem estrutura – dizem noutra desculpa esfarrapada.

E para isso o médico cubano Hector Jesus Lopez desabafou aos jornalistas:

– “O Brasil é do tamanho de um Continente. O problema aqui não é de estrutura, mas a falta de recursos humanos”.

E é mesmo.

Construa então um hospital de ponta, equipado com o que de mais moderno possa existir, lá em São Felix do Araguaia e ofereça 10 mil reais de salário inicial. E os que se habilitarem a ir vão caber dentro de um fusca.

E pensar que esses médicos cubanos, dos 10 mil reais, vão ficar no máximo com 4 mil reais porque o restante irá para o governo cubano, só acreditando nessa revolução sutil.

E aí, como se para afagar a curiosidade do repórter, eu descobri que entre os 2 mil médicos cubanos que estão no Brasil tem o “doutor Osvaldo Cruz Ramirez”.

Estou tentando entrevistá-lo e me disseram que viajou para o interior do Maranhão. Eu gostaria de perguntar-lhe por que Osvaldo Cruz, se Osvaldo Cruz foi um médico brasileiro?

Acho que a homenagem é porque Osvaldo Cruz era um médico da saúde, ou seja, ele prevenia a doença.

Dilma quer Renan governador, mas precisa do Renan em Brasília
   22 de outubro de 2013   │     12:27  │  2

A pergunta é: até quando o senador Renan Calheiros vai deixar tanta gente esperando pela decisão dele sobre a candidatura a governador?

Mas não está sendo fácil para Renan responder.

Vamos por partes: o senador Renan foi retirado da presidência do Senado num processo onde se misturou trama ardilosa com a oportunidade inadvertidamente dada por ele mesmo.

E a trama ardilosa teve o dedo do “fogo amigo”, mais precisamente do PT, que não aceita a submissão ao PMDB e quando se fala de PMDB fala-se de Renan.

Voltar à presidência do Senado era questão de honra e Renan voltou embalado por mais votos do que ele mesmo contava obter.

E olha que o PT tentou evitar e fez de tudo, até apelar para a presidente Dilma. Forçada pelo PT, Dilma propôs ao ministro Edison Lobão, que é senador licenciado, voltar ao Senado e disputar a presidência com o apoio dela.

E ouviu de Lobão o seguinte:

Eu volto para o Senado, Dilma. Mas pra votar no Renan pra presidente.

Dilma entendeu finalmente que era besteira pelejar e reconheceu que a estratégia de alternância no Congresso Nacional entre o PMDB e o PT só valeu mesmo para a Câmara.

Ela demorou a entender isso, mas não foi por falta de aviso. O próprio Renan, reiteradas vezes, quando os jornalistas lhe perguntavam sobre o acordo para o PT e o PMDB se revezarem na presidência, alertava que ( o acordo ) só valeria para a Câmara pois não foi fechado com a anuência dos senadores.

Cabe lembrar também, nessa verdadeira odisseia de Renan para voltar à presidência do Senado, que ele desmontou com habilidade o “grupo dos 8” senadores intitulados de independentes e dos quais só restam hoje dois, e ambos com questões pessoais pendentes.

O senador Pedro Simon está com a vida complicada no Rio Grande do Sul e o senador Jarbas Vasconcelos, que sequer conseguiu eleger o filho vereador em Recife, sabe que sua volta ao Senado é difícil.

E ainda tem a Prefeitura de Olinda, cujo prefeito é o irmão do senador Renan, que derrotou o candidato de Jarbas.

A questão de Simon e Jarbas em relação a Renan não é e nunca foi filosófica. É apenas pessoal.

Renan articulou com habilidade essas defecções dentro do PMDB e obteve mais votos para a presidência do Senado do que havia contado previamente.

Assumindo essa postura e relacionado entre os 15 homens mais influentes da República, Renan tem atraído a ira dos adversários, mas eles sabem que o presidente do Congresso Nacional assumiu uma posição que para o governo não tem alternativa – ou se alia a ele ou fica difícil de governar.

A presidente Dilma pressentiu isso. Mas ela também sabe que precisa do Renan numa campanha e talvez por isso, por duas vezes e a primeira vez foi em 2011, a Dilma tenha sugerido a Renan que dispute o governo de Alagoas.

O deputado federal Renan Filho tem repetido que o candidato a governador é o pai dele. Mas agora já são três os indecisos: o pai, o filho e a própria presidente Dilma, que precisa do Renan numa campanha majoritária, e precisa do Renan em Brasília.

A presidente Dilma escolheu o senador Renan para interlocutor no Congresso Nacional, e não tem hoje na praça quem saiba fazer melhor esse papel do que o Renan.

Esse é o dilema.

Governo de Marina será a mistura de FHC com Lula
   21 de outubro de 2013   │     17:16  │  0

Confesso que não entendi o programa de governo da Marina Silva. Se já não bastasse saber que, para ser candidata a presidente da República, a Marina terá antes de convencer o governador Eduardo Campos a renunciar, veio-me então o mais sério: a Marina disse que o governo dela será o misto de FHC com Lula.

Misto de FHC com Lula é a mistura do neoliberalismo com o neosindicalismo, coisas que a Marina passou a vida inteira contestando.

E por que agora a Marina faz essa promessa de misturar ambos os estilos? Só pode ser para não provocar o mercado, pois o que se sabe da Marina é que ela é contra o agronegócio e quer destruí-lo, ainda que isso leve à destruição da própria economia nacional.

Ou então a Marina anda blefando.

O mais provável é o blefe, porque Marina foi senadora e sabe que ninguém governa sem o apoio do Congresso Nacional. E o apoio do Congresso Nacional só se obtém negociando e cedendo.

Mas, ao anunciar o programa de governo, a Marina parece ter a certeza de que será ela a candidata a presidente. Até porque, até agora, o que se sabe é que o governador pernambucano quer ser candidato, mas não apresentou o programa.

Vamos então, desde já, pensar no que será a Marina depois da mistura de FHC com Lula. Será que vai dar certo?

O petróleo é nosso, mas o dinheiro é deles
     │     11:28  │  6

A história do petróleo no Brasil não é diferente da história do petróleo no resto do mundo, ou seja, é uma história que se confunde com guerras, conquistas, trapaças e cobiças.

Na história do petróleo no mundo ficaram conhecidas as “sete irmãs” – Esso, Shell, Stand Oil, Texaco, etc., – que ainda dão as ordens e criam crises.

Mas, no Brasil, sempre se escondeu o petróleo. No final da década de 1940, quando jorrou petróleo na Bahia, o baluarte da luta pelo petróleo brasileiro, Monteiro Lobato, reagiu assim:

-“Minha vontade era afogar nesse peço os que viviam dizendo que o Brasil não tinha petróleo”.

Os que negavam a existência do petróleo no Brasil agiam em acordo com as “sete irmãs”, para as quais não era bom negócio na época reconhecer a existência de petróleo num país que ainda tinha muito para ser sugado.

É desnecessário dizer que entre os brasileiros que negavam a existência de petróleo estavam os inocentes úteis e os traidores mesmo.

Veio a luta pelo petróleo – o petróleo é nosso! – e em seguida a lei 2004, que criou a Petrobrás. E a Petrobrás se transformou numa empresa de ponta, com a inteligência brasileira superando a inteligência internacional para desenvolver a tecnologia própria de prospecção de petróleo em águas profundas.

E descobriu-se agora o petróleo em águas profundas, o pré-Sal, para glória de um país altamente dependente. E o que fazer?

Bem, a Petrobrás tem a tecnologia para explorar. Mas não tem dinheiro. A decisão do governo de leiloar o campo de Libra, na Bacia de Santos, surgiu desse impasse cruel: sem dinheiro, não tem petróleo.

Mas o impasse continua e o leilão marcado para as 14 horas desta segunda-feira pode ser um marco.

Um marco da política nacional para o setor, pois se o leilão malograr, é sinal de que deve ser revista toda a política de compartilhamento do pré-Sal.