Mais um projeto fixa o negro como sub-raça
   30 de outubro de 2013   │     14:07  │  15

Na condição de negro, eu me sinto relegado a um plano inferior na raça humana com o estabelecimento de cotas para negros.

Envergonhei-me ao ver nos corredores do Congresso Nacional um grupo de irmãos de cor bradando que se não aprovassem as cotas eles parariam o Brasil.

Já não sei quem é pior: o senhor de engenho que nos escravizou ou se esses irmãos de cor que lutaram para nos reconhecer como sub-raças.

Imagine um profissional negro, depois das cotas nas universidades. Ele sempre vai valer menos que o branco, e isto com o aval dos irmãos de cor – o que é mais grave.

No imaginário popular, um médico branco sempre vai valer mais que o médico negro; o médico branco foi aprovado e se formou sem o auxílio de cotas.

Em tempo: eu não escrevo para agradar; eu escrevo para dizer. E não me preocupo com rótulos nem como o politicamente correto, porque o politicamente correto quem faz sou eu.

E não venha me chamar de afrodescendente porque está sujeito a ouvir como resposta um palavrão. Afrodescendente é a…

Eu sou negro brasileiro e alagoano.

Ignorância? Que seja, mas é assim mesmo porque o politicamente correto – repito – quem faz sou eu e não os manuais.

Seria decente se esses meus irmãos de cor que lutaram e defendem as cotas estabelecessem que o negro doutor terá de afixar publicamente que se formou pelas cotas.

Seria decente e honesto, para mostrar ao cliente ou paciente que ali está um sub-profissional e não um profissional sem cotas.

Tem cota para negro, para índio, para aluno de escola pública e para deficiente. Se cada cota representa 20% tem-se só aí 80% de cotas, o que eleva o branco à condição de raça superior porque terá de superar a todos eles para se estabelecer.

E se não bastasse essa degradação do negro, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal aprovou o projeto fixando cotas para negros serem  senadores, deputados federais e estaduais.

O projeto terá de ser votados em duas sessões na Câmara e no Senado, e, para ser aprovado, terá de obter 2 terços dos votos na Câmara ( 308 deputados ) e no Senado ( 49 senadores ).

O projeto  de autoria do deputado federal Luis Alberto (PT-BA) diz que no mínimo 20% e no máximo 50% das vagas na Câmara e no Senado terão de ser preenchidas por negros.

Pense numa sacanagem!

Se fosse aplicada nessa legislatura, 173 dos 513 deputados federais teriam de ser negros! E, em Alagoas,  5 dos 27 deputados estaduais teriam de ser negros, mesmo que brancos ou ruivos tivessem obtidos mais votos nas urnas.

Ora vejam para onde estamos caminhando nessa ânsia de recuperar o terreno que a escravidão nos impediu de ocupar!

Ora vejam o que os negros estão fazendo com os negros, em nome de uma luta pela igualdade racial que só aguça a desigualdade ao estabelecer duas categorias: o negro  com cota e o branco sem cota.

E, se não bastasse, já não é mais o conceito, o conhecimento, a capacidade, o trabalho, a honestidade e o voto que vão formar o Parlamento brasileiro, mas a  cota da epiderme.

Eu jamais vou pintar os cabelos de loiros nem usar creme para clarear a pele. Mas, sinceramente, tem momento que sinto vergonha de ser negro!

COMENTÁRIOS
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  1. Alagoano 1

    Até 1888, o Estado brasileiro implantou LEIS que subjugava os negros e oficializou a desigualdade. Após a abolição, os afros foram informados que eram livres, mas e daí? Livre sem 1 conto no bolso, sem terra, sem trabalho, sem nada. O que fazer diante de uma situação dessas? Vender a mão de obra barata para os mesmos escravocratas. Sendo assim, nada mais justo que o mesmo Estado brasileiro implemente LEIS que reparem os crimes cometidos no passado. Acho fácil um negro, bem pago, numa empresa de brancos e com pensamento de branco, ser contra. O que vamos fazer com os jovens que estão a completar 18 anos e não tem como disputar uma vaga no vestibular? Certamente iremos dizer: caro amigo, aguarde o país investir na educação básica, depois no ensino médio e certamente teremos condições de passar no vestibular. Ou seja, daqui a 60 ou 70 anos. Precisamos de cotas sim! Não temos mais tempo a perder. Se olha o desempenho dos estudantes cotistas, a partir do 2º ano, tem aproveitamento superior aos que fizeram o vestibular pelos meios tradicionais. Diante disso, também tenho vergonha de alguns negros!!!

  2. Joilson Gouveia Bel&Cel RR

    BRIGAS DE CLASSES NÃO MAIS O INTERESSA E SIM DE RAÇAS OU DE MINORIAS VERSUS MAIORIA OU ENTRE SI!

    Bob, meu caro Bob, que não é bobo – nem mais vou reescrever sobre isso – fala para seus leitores, responde-nos:
    a) de quem é a ideia de COTAS senão desse desgoverno de quase três lustros; ou não?
    b) credes que creremos nas suas parvoíces de se sentir “indignado com essas cotas” que provém das estratégias de sua cartilhazinha superada, obsoleta e alienada ou alienante “gramsciana” – nem todos leem suas bobices, “seu bobo” – não se diga “envergonhado” daquilo que és arauto e que segues à risca e defendes diária e diuturnamente?
    NOTEM: agora, ele insinua, açula e incute uma “briga racial” entre brancos versus negros e até mesmo entre os “pretos cotados” e os negros “conscientes” de sua negritude, assim com ele, que se envergonharia das COTAS, que dimanam de seu lulismo ou dilmismo e de sua caterva petralhistas de mensários; ou não?
    Adrede, propositada e deliberadamente já açulou outras contendas, anteriormente, tentando ENGROSSAR a corja da bandalheira e de baderneiros e de vândalos subsidiados, apoiados e aliados pela turba enfurecida de pseudos brasileiros, para mim farquianos infiltrados juntamente com os “médicos cubanos” (que já estão aqui desde antes desse tal programa MAUS MÉDICOS, MÁ SAÚDE; saibam todos, busque-se nas UPA’s NORDESTINAS, notadamente pernambucanas) – na verdade, TODOS “contratados” pelos petralhas – e QUER ENGROSSAR com os EVANGÉLICOS, que, segundo o Bob, os CRENTES se deixam enganar e alienar pelos seus PASTORES E DEVERIAM SE ALIAR AOS COVARDES ANÔNIMOS MASCARADOS – vide texto anterior;
    Sua sórdida desfaçatez, cinismo manhoso e subliminar mensagem diária ou blogueira, já pôs na berlinda a Justiça e o próprio STF, os Ministérios Públicos, Procuradores, Médicos, Motoristas Profissionais dos “transportes públicos”, as Igrejas e todas as Religiões, as Instituições policiais e, agora, açula uma contenda entre BRANCO versus PRETO na sua dissimulada, escamoteada, ludibriada, inverossímil, falaz e fala INDIGNAÇÃO ou VERGONHA de ser um cotado – eu diria um coitado – que pensa que o povo é imbecil, idiota e inocente em CRER no que assesta em seu Blog, que funciona como arauto desse desgoverno nefasto que DESVIA e DOA nossas riquezas aos incompetentes socialistas ditadores doutras plagas que sobrevivem dessas doações.
    Bob, creres mesmo no que dizes: credes que a mentira repetida se torne numa verdade?
    Abr
    JG

  3. Carlos Alberto Santos

    Meu caro Roberto, primeiramente meus parabéns pelo corajoso comentário, saiba que tudo isso que você escreveu reflete o pensamento da maioria dos cidadãos brasileiros, que só não externam por medo de serem acusados de racistas. Não existem brasileiros brancos, todos nós somos negros por descendência. Estão criando uma cultura onde os pobres com a pele mais clara têm menos direitos que os ricos com pele mais escura. Estão institucionalizando o racismo em nosso país em nome de um resgate de cidadania, que deveria ser conquistado com investimento em educação.

  4. Valdeck

    Bob, todos sabemos que o Brasil desde o dia em que os brancos europeus pisaram aqui no afã de enriquecer, explorar a terra e sua riqueza, subjugando os nativos daqui e de África. A partir daí a sociedade brasileira foi forjada com a sobreposição do branco como mandatário desse imenso rincão, enquanto o outro lado da sociedade, indígenas, negros/as africanos/as, mulatos/as, há mais de 500 anos sempre estiveram em posição inferior na sociedade, sendo obrigados/as a dar suas vidas para que brancos/as europeus e não europeus ocupassem os melhores espaços na sociedade. E assim permanece até hoje. As cotas são a solução? Óbvio que não. Mas é o início do reconhecimento de que nossa sociedade tem abismos sociais profundos e que precisam ser reparados. Quando pessoas que já ocuparam seu espaço seguro e confortável na sociedade aventam que é contra as cotas, mesmo sendo negra, só contribui para a manutenção do que está posto, como disse há mais de 500 anos. A grande maioria dos cotistas ao concorrer as vagas nas universidades, optam por cursos das ciências humanas, ou seja, sequer ameaçam grande parte das vagas nas ciências da saúde, do Direito, ou das exatas.
    Quando entramos na universidade, não nos tornamos mercadoria para valer mais ou menos, nos tornamos profissionais capacitados para exercer a função ora escolhida e estudada ao longo dos anos, o que independe de nossa condição social, racial, de gênero. Assim acontece também com você caro Bob, você não é melhor profissional porque é negro, ou branco, ou rico ou pobre, e sim porque dedicou seu tempo ao estudo numa universidade e se for pública tanto melhor. Vale mais pensar na coletividade do que na individualidade de seu próprio umbigo.

    1. Roberto Villanova Post author

      Caro Valdeck, grato pela participação e os ensinamentos valiosos o que muito me honra. A gente sabe que foi assim, mas, hoje, eu entendo que a luta deve ser por igualdade e não por privilégios. Até porque, quando os brancos cedem em alguns pontos o fazem como “compaixão, reparação de danos” e não como reconhecimento dos erros. Grato mais uma vez.

      1. Valdeck

        Bob, agradeço as palavras, mas você tem certeza? Tem convicção que os/as negros/as desse país e desse Estado são privilegiados/as? Que estão em pé de igualdade com os/as brancos/as que oprimem, massacram, exploram e tiram as possibilidades? Quem está abaixo da linha de pobreza? Quem ocupa os bancos das universidades públicas desse país? Quem sentou na cadeira do Palácio de vidro? Quem mora na periferia? E quem é a vítima do tráfico e da violência desse Estado e do país? A discussão pelejante ainda perdurará décadas infelizmente, porque assim os brancos o querem, contudo independente de compaixão, remorso ou repartição do bolo em fatias como dizia Delfim Neto durante a Ditadura, as conquistas, avanços, mudanças, garantias são à custa de muita luta, debate, enfrentamento. O apartheid existe no Brasil sim e precisa ser discutido, para que sejamos um outro Brasil daqui há mais 500 anos.

        1. Leonardo Ribeiro

          Conheço libaneses que mal sabem ler e escrever e que ao chegarem no Brasil há uns 50 anos,sem dinheiro,sem roupas e sem conhecidos,moraram em barracos na Penha,vendiam roupas e bugigangas.Com o tempo,começaram a prosperar,mas passando momentos de sufoco,de fome,de desespero.Através de muito esforços saíram da miséria e desde sempre,nunca deixaram os filhos a DEUS dará sem trabalhar,sem estudar.E hoje todos eles,são donos de suas empresas,tem formação profissional,etc,etc.Também conheço vários caboclos que trabalham,trabalham,mas não prosperam,pois não tem vocação para estudarem,para crescerem como empresários,para serem disciplinados com o objetivo de terem uma vida melhor.Tenho observado que essa é a situação predominante entre os brasileiros e aconselho a observarem isto,para confirmarem o que cito.Agora,é muita balela e papo-furado numa situação simples de ser explicada e vista,que por causa disto,aquilo não assim,que assado o tempo,assim se acontece.Prática é tudo,teoria é lazer!

  5. jonas antonio de freitas

    Realmente, esses políticos Brasileiros, deveriam se preocupar com coisas mais importante.

    Olhe só,de quem essa grande ideia…O projeto de autoria do deputado federal Luis Alberto (PT-BA) diz que no mínimo 20% e no máximo 50% das vagas na Câmara e no Senado terão de ser preenchidas por negros.
    Só temos políticos idiotas…

  6. Márcio Rocha

    Hipocrita, Incoerente… acha ruim o “sub-profissional” negro mas, aprova o “sub-profissional” sem revalida. Duas categorias de profissionais: medico do rico e o medico do pobre!!!!

    1. Roberto Villanova Post author

      Caro Márcio: o justo luta por igualdade; o oportunista luta por privilégios. Cota é privilégio, meu caro. Grato pela participação. Sobre o revalida eu defendo que se aplique à Medicina o mesmo que a OAB aplica para o exercício do Direito, ou seja, não adianta o diploma de advogado se não for aprovado no exame da Ordem. Se for assim, estou de acordo.

      1. Joilson Gouveia Bel&Cel RR

        Olhem como ele apoia, “defende” e faz apologia ao EXAME DA ordem e não DE ORDEM…
        De que serve a magnífica, majestosa, didática e pedagógica AUTORIDADE do magnífico REITOR que CONFERE GRAU, mas não o capacita, qualifica e nem habilita ao FORMANDO, GRADUANDO e BACHARELANDO, ao colarem grau nas universidades, que somente estará APTO PARA EXERCER SEU OFÍCIO, após uma “avaliação” que tem enchido aos bolsos dos inúmeros cursinhos e empresas que EMPREGAM seus valiosos – literalmente – rentáveis e lucrativos testes AOS PRÓPRIOS CURSINHOS, APLICADORES E ÀS SECCIONAIS ESTADUAIS E FEDERAL, lastreado num exame flagrantemente INCONSTITUCIONAL, ainda que o supremo tenha sido contrário, e, portanto, se rendido aos argumentos econômicos, financeiros e pressões de seus lobistas!
        HÁ UMA INDÚSTRIA DE CONCURSOS QUE SÓ PERDE PARA AINDÚSTRIA DE LOJAS PET SHOP, “destipaís”!
        Abr
        JG

      2. Márcio Rocha

        Caro Jornalista, o Revalida serve para avaliar profissionais formados em instituições as quais nao sofrem controle do MEC (Ministerio da Educação), para saber se estes são qualificados ou nao para atuar no Brasil, alem de avaliar se o profissional estrangeiro entende, fala e escreve bem o Portugues.
        As universidades brasileiras devem formar Médicos capacitados. Se isto nao ocorre, é outra estoria…. se formos nesta linha de pensamento, deveria haver o “o exame da ordem dos jornalistas” principalmente, na universidade onde vossa senhoria se formou, pq escrever alguns posts que vc tem escrito de maneira anti-etica, com interesses financeiros pessoais, sem fundamentação nenhuma, é um absurdo!!!! Fico incrédulo como uma instituição com tantos anos de tradição permite tantas asneiras somente para ter “audiencia”

        Ps: o unico post interessante foi este das cotas para negros. Concordo que é rebaixar o negro e chama-lo de incapaz.

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