Donadon no país da República das fuleiragens
   4 de setembro de 2013   │     15:10  │  1

Parece-me que apenas no Brasil e em Portugal é que o Legislativo se reúne para punir – ou não – os seus pares, ou seja, punir ele próprio.

Em relação ao Brasil, com certeza é algo inédito no mundo. Mas tem sido assim, apesar dos absurdos que produz igual a este agora no caso Donadon.

Natan Donadon é o único integrante do Congresso Nacional em todo o mundo que está preso e continua com o mandato.

Não há sequer a possibilidade de ele cumprir a pena antes de o mandato terminar, porque sua condenação é de 13 anos e o mandato termina para o ano.

E pior: ele não poderá se candidatar, pois de acordo com a Lei da Ficha Limpa está inelegível por 8 anos.

Chegamos a essa situação porque as leis brasileiras foram feitas para confundir. E quando confunde produz brechas.

Somos o país onde a justiça é a que permite o maior número de recursos e embargos, o que, de ordinário, beneficia o réu e promove a impunidade.

Deve ser o caso de lembrar a frase de Lopes Trovão, um positivista juramentado, quando os monarquistas oportunistas proclamaram a República e ele se frustrou:

– “Não era essa a República dos nossos sonhos”.

De tão trôpega, a República que surgiu desse golpe dos monarquistas cultua ainda hoje na sua bandeira os símbolos da Monarquia.

As cores verde e amarela da bandeira brasileira não representam as matas e as riquezas, como nos ensinam erradamente; na verdade, o verde e o amarelo representam a união da Casa de Áustria com os Braganças, de onde se originou a princesa Leopoldina.

Essa situação esdrúxula pode justificar o caos consentido, igual a esse do caso Donadon. Como entender que um preso e condenado a 13 anos se mantenha com o mandato, se não for por essas peculiaridades de uma República que nasceu de um golpe de oportunistas e traidores?

E tudo parece tão natural, que os que votaram favoráveis a manutenção do mandato de Donadon agiram com a certeza de que é tudo assim mesmo desmantelado.

É essa a República das fuleiragens que herdamos, embora não seja essa a República que merecemos.

COMENTÁRIOS
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  1. jonas antonio de freitas

    Não era essa a República dos nossos sonhos”.

    Isso não é uma República…É um verdadeiro FEUDALISMO…QUER APOSTAR?…

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