O recuo da Dilma e o avanço de Renan
   26 de junho de 2013   │     10:13  │  1

A presidente Dilma tem um defeito, que não é defeito para a pessoa física. Ou seja: uma coisa é a presidente Dilma com o defeito, outra coisa é a pessoa Dilma – cujo defeito vira “jeito de ser”.

Na presidente Dilma esse defeito pode lhe trazer dissabores e levá-la a cometer erros primários, como esse que a obrigou a voltar atrás na questão da Constituinte.

Dilma não ouviu ninguém.

É do jeito Dilma de ser; não ouvir ninguém, dizer o que pensa sem avaliar as consequências e até de ser arrogante.

Em 2002 eu participei de um seminário sobre energia alternativa promovido pela Petrobras, o Ministério de Minas e Energia, a Chesf e a Fenaj, em Salvador. A Dilma era secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, e palestrante.

Falou sobre termelétricas.

No intervalo para o lanche me dirige a ela, me apresentei como jornalista da Gazeta de Alagoas, e disse-lhe que Alagoas produzia 2 milhões de metros cúbicos de gás natural, por dia.

E ela respondeu na bucha:

Se o seu estado produz isso mesmo que você está me dizendo e não tem uma termelétrica, desculpe-me, mas é um estado de otários.

Confesso que não me senti atingido; pelo contrário. Mas quando a Dilma aplica esse seu jeito de ser na presidência da República, aí preocupa.

Dilma se cercou das ministras Ideli Salvatti e Gleise Hoffman, e do ministro da Educação, Aloísio Mercadante, mas deve ser porque somente eles a ouve sem questioná-la. Os três não têm cacife para servir de conselheiros da República.

A proposta para convocar a Assembleia Nacional Constituinte só poderia ter partido de quem não tem uma assessoria jurídica e política à altura do cargo.

E enquanto a Dilma recuou, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, avançou nas propostas que ela mesma apresentou à nação.

Renan apresentou a PEC 248, que institui o passe livre para os estudantes e indica como fonte dos recursos os royalties destinados à educação.

E incluiu a sua proposta na pauta prioritária para o Senado votar em 15 dias, senão o recesso do meio do ano será suspenso.

Nessa pauta, o senador Renan incluiu a PEC 53 e 75, de autoria do senador Humberto Costa, do PT pernambucano, que acaba com a aposentadoria compulsória e impõe a pena de demissão e a cassação da aposentadoria para juízes e promotores condenados por corrupção – o que deve ser estendido a todos os crimes.

A pauta no Senado vai dar o que falar nos próximos dias e, se a presidente Dilma não quiser ficar a reboque das mudanças que o Congresso Nacional vai fazer, ela terá de rever esse seu jeito de ser.

Ou seja: a Dilma pode ser assim, mas a presidente Dilma não deve. 

COMENTÁRIOS
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  1. Marcelo Andrade

    Há muito tempo que a president”A” e seus ministros perderam o rumo; não sabem em que direção devem seguir! Estão perdidos com um GPS nas mãos – não sabem usar!
    Quanto à suposta arrogância da chef”A” de governo, é uma característica marcante daqueles gestores que estão no poder pelo poder, a chamada “autocracia”, em termos mais suaves, leves… o que ocasiona a cegueira administrativa, embate político, social e descontrole organizacional, a exemplo: inflação, baixíssimo crescimento econômico e manifestação de insatisfação e revolta popular!

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