Como reformar uma República que nasceu de uma dor-de-cotovelo?
   25 de junho de 2013   │     17:10  │  4

Logo após o termino da Guerra do Paraguai espalharam o boato de que o imperador Pedro II ia acabar com o exército, para privilegiar a marinha.

É da tradição que a Armada Naval pertença ao rei, e assim o boato encontrou guarida. A marinha sempre foi a armada real.

Mas não era verdade.

A lição que a Guerra do Paraguai havia deixado levava a duas ações prioritárias:

1) Liberdade para os negros, que haviam demonstrado ser bons soldados.

2) E investimento na marinha, porque as batalhas mais importantes na Guerra do Paraguai foram navais.

A própria invasão do solo brasileiro se deu por via fluvial sem que houvesse reação à altura. A Guerra do Paraguai foi programada pela Inglaterra, que usou o Brasil, a Argentina e o Uruguai, e ainda assim os paraguaios estavam muito mais preparados.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

Devedor de favores impagáveis a Pedro II, o marechal Deodoro relutava em comandar o golpe e derrubar a Monarquia, mas diante do boato e sendo ele originário do exército, admitiu derrubar o gabinete comandado por Ouro Preto.

Aliás, ele próprio se encarregou de ir prender Ouro Preto.

Comemora-se o dia 15 de novembro como a data da proclamação da República, mas a Monarquia só caiu mesmo na tarde do dia 16. Até então, Deodoro esperava que Pedro II nomeasse outro ministério sem o comando de Ouro Preto – o que foi feito, mas o escolhido era um desafeto  do marechal.

Pedro II escolheu o gaúcho Silveira Martins para substituir Ouro Preto, mas Silveira Martins tinha se desentendido com Deodoro, quando este governou o Rio Grande do Sul, por causa da baronesa de Triunfo – que deveria ser mesmo uma gaúcha daquelas de levar o homem à baba.

Deodoro se apaixonou pela baronesa, que preferiu namorar o Silveira Martins. Quando Pedro II nomeou-o para o lugar de Ouro Preto, o marechal então decidiu derrubar a Monarquia.

E assim nasceu a República Brasileira, de uma dor-de-cotovelo.

A REFORMA

Os monarquistas que proclamaram a República Brasileira não sabiam o que era República, mas não chamaram os republicanistas para ajudar a governar o país. Lopes Trovão, fiel seguidor de Augusto Comte, desabafou depois:

– “Essa não é a República dos nossos sonhos”.

E assim viemos aos trancos e barrancos contabilizando vários golpes de estado, e golpes dentro do golpe como ocorreu em 1969, sem que se tenha traçado qualquer linha ideológica a seguir.

São dezenas de partidos que não representam a sociedade e sim os interesses pessoais de quem os fundou. E que são mantidos assim porque é assim que a maioria do Legislativo, seja municipal, estadual e federal, consegue se eleger.

Discutir a reforma política é uma coisa; chegar a realizá-la é outra tão distante quanto inatingível. Ninguém quer reformar o que, depois de reformado, se  volta contra si.

Só há uma maneira de se fazer a reforma, seja política, tributária ou judiciária:  é por uma Assembleia Nacional Constituinte com participação popular.

Porque somente assim é que se poderá, finalmente, se decretar a República Brasileira e sarar essa dor-de-cotovelo que tem impedido os poderes de agirem com racionalidade e não com oportunismo.

COMENTÁRIOS
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  1. Eraldo Basílio

    Alexandre Toledo, Arthur Lira, Givaldo Carimbão, Maurício Quintella Lessa, Paulão, Renan Filho e Rosinha da Adefal votaram contra a PEC 37. Francisco Tenório ausente. E pasmem o único a votar a favor da PEC 37 foi o senhor que não PAGA a seus funcionários e credores, o SHEIK de alagoas JOÃO LYRA. ACESSIBILIDADE, um direito de todos.

  2. Eraldo Basílio

    Sabemos que você é um blogueiro bem articulado Bob. Por favor, nos informe como votaram nossos deputados a PEC 37. Desde já todos Alagoanos ficam agradecidos. ACESSIBILIDADE, um direito de todos.

  3. Eraldo Basílio

    TERRA ADORADA,
    ENTRE OUTRAS MIL,
    ÉS TU,BRASIL,
    Ó PÁTRIA AMADA!
    DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
    PÁTRIA AMADA,
    BRASIL!

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