O temor agora é se a seleção brasileira não for campeã
   19 de junho de 2013   │     10:54  │  5

A Copa do Mundo de 1958 pode servir de marco para a guinada que o futebol iria dar, até chegar a esse império que é hoje movimentando bilhões de dólares.

A copa de 58 foi na Suécia e os suecos são reconhecidos pela polidez, pela educação e pela honestidade. Mas foram forçados a sacanear a seleção brasileira.

Seguinte: as cores das camisas das duas seleções eram iguais, e, para a seleção brasileira, a cor amarela tinha um sentido de livramento do mal, do azar das copas de 50 e 54.

É que a camisa do Brasil era branca e alguém definiu que o branco dava azar, pois o país tinha perdido duas copas. Na Suécia, o Brasil estreou a camisa amarela – que é a cor principal até hoje.

E com a camisa amarela a seleção brasileira estava se dando bem na copa da Suécia, pois chegara à final contra os donos da casa.

A seleção sueca admitiu no primeiro momento que não iria jogar com a camisa amarela, o que deixou a seleção brasileira tranquila. Mas, faltando dois dias para o jogo, mudou de ideia.

A correria na delegação brasileira foi grande para comprar camisa com outra cor, e optou-se pelo azul – que é o segundo uniforme do Brasil.

Compraram as camisas e a comissão brasileira varou a noite cortando os escudos da camisa amarela e pregando na camisa azul.

E o Brasil venceu por 5 a 2. Foi campeão do mundo.

Em 1962 a copa foi realizada no Chile e novamente a seleção brasileira teve de enfrentar adversários invisíveis. O Pelé só jogou a primeira partida e a metade da segunda, e o Garrincha foi expulso de um jogo – o que gerou a discussão sobre se poderia jogar a partida seguinte.

E o Brasil foi bi-campeão. Era praticamente o mesmo time de 58, com exceção do Mauro, que substituiu o Beline; do Zózimo, que substituiu o Orlando e do Amarildo, que substituiu o Pelé.

O interessante é que o Mauro foi convocado porque o Beline já estava “velho”, e o Amarildo, que era reserva, substituiu o Pelé – que estava contundido.

Já o Zózimo substituiu o Orlando porque ele (Orlando) não jogava no Brasil; depois da copa de 58 o Orlando foi vendido para o Boca Júnior.

Na copa de 1966 o governo militar brasileiro tentou escalar a seleção. Foram convocadas quatro seleções, e nenhuma deu certo.

Em 1970, novamente o governo militar tentou influenciar na convocação da seleção impondo o jogador Dario. O técnico João Saldanha não aceitou e se demitiu.

E o Brasil foi campeão porque o time tinha a consciência de que era a última oportunidade que aquela geração teria.

Felix, Carlos Alberto, Brito, Wilson Piazza, Everaldo, Gerson, Jairzinho e Pelé já estavam na linha final da carreira.

E o feito foi usado pelo governo militar para embalar a irrealidade do milagre brasileiro.

Em 1978, o governo militar argentino entrou em desespero para se manter no poder e promoveu a copa do mundo com a exigência de a Argentina ser campeã.

Por ironia, a seleção argentina ficou na dependência de vencer o Peru pelo escore superior a cinco gols. E o Peru era uma seleção fortíssima, e treinada pelo brasileiro Didi, duas vezes campeão do mundo (58 e 62).

Mas perdeu por 6 a 1.

E assim o futebol passou a ser o instrumento pelo qual os governos, de qualquer tendência, usam para aplacar a ira ou elevar a estima dos súditos.

Daí, gente, a grande preocupação agora é quanto à seleção brasileira na Copa das Confederações.

Se não for campeã, a estima baixa e a ira aumenta. Trocando em miúdos: o torcedor pode deixar o estádio e se juntar aos protestos pelas ruas do país.

COMENTÁRIOS
5

A área de comentários visa promover um debate sobre o assunto tratado na matéria. Comentários com tons ofensivos, preconceituosos e que que firam a ética e a moral não serão liberados.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do blogueiro.

  1. Roberto

    Corrija de novo: Didi treinou a seleção peruana na Copa de 1970, no México . Em 1978, o técnico do Peru era Marcos Calderon. Aff!!!!

  2. desatualizado

    MEU AMIGO, O JOÃO HAVELANGE NUNCA OI TÉCICO DA SELEÇÃO BRASILEIRA. O JORNALISTA, AO QUE PARECE, POUCO OU NADA CONHECE DE FUTEBOL. NA ÉPOCA, QUEM COMANDAVA A SELEÇÃO ERA O JOÃO SALDANHA, DE GRANDE MEMÓRIA. GOSTO DO SEU TAIO, MAS AS VEZES, SEU TAIO FAIA. UM ABRAÇO.

    1. Roberto Villanova Post author

      Quem conhece e tem integridade, corrige. Claro que eu confundi: é João Saldanha. E quem quem conhece e não tem integridade, apenas chacoalha. Mas ainda temos tempo: siga o exemplo do internauta Marcos Guimarães, pois ele possui ambos atributos.

  3. Marcos Guimarães

    Amigo Roberto (Bob Vila Nova), permita uma pequena correção no seu brilhante texto: A titulo de informação, o técnico da Seleção Brasileira, não foi o senhor João Havelange, que naquela época já era mandatário da CBF. O técnico, foi o saudoso jornalista João Saldanha, amigo dos jornalistas Marcio Canuto e Edson Mauro. Foi ele, quem de fato preparou a equipe, deixando-a pronta para o alagoano Sagalo.

Comments are closed.