Um alagoano radicado desde 2008 em Curitiba esteve em Maceió no mês passado para rever os amigos e familiares, e matar a saudade da terrinha.
Disse-me que na primeira semana transcorreu tudo bem, mas a partir da segunda semana ele começou a se inquietar. Foi tomado por uma sensação desconhecida, para quem viveu a infância e a adolescência entre a Pajuçara e a Ponta Verde.
A sensação estranha era de que poderia ser assaltado a qualquer momento. Aí decidiu se enclausurar no apartamento onde a mãe reside na Jatiúca e deixou de circular a pé pelas ruas que gostaria de rever e pisar.
-“O clima está assim” – disse-me.
É verdade que a violência se nacionalizou e que não há mais capital alguma com segurança, nem mesmo a Capital do país. Mas Maceió não pode ostentar indicadores criminais que lhe iguale a Salvador, por exemplo – que tem três vezes mais gente.
O que está acontecendo?
A distância não dá para identificar o que se passa, mas pode-se contabilizar essa situação absurda aos erros de um passado recente. Maceió perdeu a inocência faz tempo, mas isto não ocorreu assim sem que se pudesse vislumbrar que iria chegar onde chegou.
São crimes diários que a polícia apenas repete o refrão: acerto de contas por tráfico de drogas, se for na periferia.
Mas não dá conta de contê-lo.
Esse amigo alagoano radicado em Curitiba se espantou ao descobrir que o maceioense está se acostumando e achando normal um final de semana com muitos tiros e cadáveres. Se é assim, se Maceió está perto de banalizar o crime, então está mesmo tudo perdido.
Porque enquanto houve alguém se indignando ainda há esperança. Agora quando todos se acostumam com uma arma apontada para a cabeça ou um corpo estendido no chão, é sinal de que Maceió perdeu o rumo.
E isto não pode acontecer.