A quem interessa a falência do Grupo João Lyra?
   7 de maio de 2013   │     16:49  │  14

Onde era a Bomba do Gonzaga, hoje é o Posto Gonzaga, no Tabuleiro do Martins; onde era a Bomba da Marieta, no acesso ao bairro do Poço, na Avenida Gustavo Paiva, hoje é o Posto Saldanha; e onde era a Bomba do Ermetério hoje não é mais nada – é só uma parada de ônibus no acesso à estação ferroviária em Bebedouro.

Mas, durante a II Guerra Mundial, eram os três únicos locais onde se vendia combustível em Maceió.

E mais: o combustível produzido em Alagoas e vendido nesses três postos em Maceió reforçava o abastecimento no país e movia as viaturas do exército dos Estados Unidos – que tinha duas unidades instaladas na capital alagoana: uma em Jaraguá e a outra no Vergel do Lago.

No esforço de guerra para se combater os alemães, os aliados contaram com o empenho, a dedicação e a inteligência do empresário Salvador Lyra.

Foi a contribuição de Alagoas com a produção de um insumo imprescindível nesse esforço de guerra que mobilizou o mundo livre contra o nazi-fascismo. O nome do combustível era USG, que significa Usina Serra Grande.

E o empresário Salvador Lyra é o gene maior dos irmãos Carlos e João Lyra, que se transformaram em dois grandes empresários aos quais Alagoas muito deve.

Da Usina Serra Grande, negociada depois a um grupo pernambucano, os irmãos Carlos e João Lyra bem que poderiam investir também em Pernambuco, onde tudo é mais fácil e mais rápido; onde o peso econômico e político é infinitamente maior.

Mas não; eles preferiram investir em Alagoas. Pode-se dizer que da Serra Grande nasceu a Laginha, a Uruba, a Guaxuma, a Caeté, a Cachoeira do Meirim que moeram e ainda moem a riqueza alagoana. O que seria de Alagoas sem esses dois grupos que geram empregos e renda?

E os irmãos Carlos e João Lyra ainda se expandiram como para se demonstrar no Sudeste que o empresário nordestino, tão discriminado, é sim capaz; é também eficiente e competitivo.

À parte a opinião dos “Zés da Guerrilha”, pois não me toca, é assim que uma sociedade sobrevive no sistema de livre iniciativa pelo qual sabiamente optamos. Se houvesse outro sistema melhor, os que fizeram opção diferente não estariam agora se desdizendo.

Entre o capitalismo estatal, que é fruto do conluio, e o capitalismo privado, que é fruto da competência, da livre concorrência e da eficiência, deve-se optar por esse último.

Sim, há altos e baixos porque o capitalismo privado enverga, mas não quebra. E é exatamente nesse momento de oscilação que o próprio capitalismo se resolve. E que bom e oportuno que os problemas no grupo João Lyra possam ser equacionados pela pronta ação de quem é do ramo e, especialmente, da família.

O sobrinho Bob Lyra vem ao encontro do tio João Lyra e lhe estende as mãos como quem lhe pede abenção. É assim como se tivéssemos olhando pelo retrovisor da história e vendo lá atrás o gene do Salvador, de onde tudo começou.

Há entre o tio João e o sobrinho Bob uma identidade que deve ser mantida para servir de exemplo; ambos, ainda meninos, acostumaram-se com os apitos de uma usina em fogo vivo e o gemido de uma moendo esmagando riquezas e gerando empregos.

E nada mais justo que o tio e o sobrinho façam coincidir as suas histórias de vida, para que a Laginha, a Uruba e a Guaxuma também se mantenham vivas e gerando riquezas, empregos e rendas.

E mais que isso: para que a história digna e marcante do homem chamado João Lyra não se apague assim feito fogo morto.

Gente! A quem interessa a falência do Grupo João Lyra? A Alagoas, com certeza que não interessa.

COMENTÁRIOS
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  1. Juarez Rosa

    Meu caro Roberto Villanova, que pena.
    É a primeira vez que vejo seu nome e leio algo que você escreveu.
    Sou nordestino e moro em Manaus/AM. Aqui também tem estes “lobos” que issistem em serem transformados em “cordeiros” por seus “pau-mandados” e laranjas. Acredito que você seja uma pessoa extremamente capacitada e ao mesmo tempo, tenho pena de perceber, ressalvando as idéias contrárias, que você serve ao dominador. Certamente buscando benesses, em prejuízo do povo humilde e analfabeto alagoano, que por via indireta, atinge o povo brasileiro em situação semelhante.
    Não faça isso. João e Carlos Lyra, nunca foram e nunca serão cordeiros e protetores do povo alagoano. É bem verdade que geram empregos, não que este seja seus objetivos. São algozes, exploradores da ignorância e da fome do povo. Quanto mais ignorante e analfabeto melhor.
    É hora de rever seus conceitos.
    Persão pelo comentário incisivo, mas me causou espécie.
    abs. Juarez.Rosa – Manaus/AM.

  2. ronnie

    Isso serve de lição não só para ele,mais para todo mundo que pensa que tudo é para sempre e que pode tudo.O mundo é uma bola hoje estamos lá em cima e depois ficamos em baixo.

  3. Jânio Teixeira Costa

    Triste daqueles que não viveram o modismo da calça rasgada sem abrir mão do wisque 13 anos, de mostrar aos colegas de faculdade o quanto é radical, o contra, sem abrir mão dos cabides de empregos do bem bom, gerado pelo capitalismo, pelos tão falados governos corruptos, apesar de fora de moda, ainda se ver. Não posso esquecer da famosa regra das exceções. Parabéns pela matéria, ninguém é de todo mal ou vice-versa.

  4. Ronaldo

    Enriqueceu às custas de trabalhadores (escravos) analfabetos com jornadas de mais de 10 horas de trabalho. Como deputado federal é um verdadeiro turista. Pouco vai a Brasília. É considerado o deputado que mais falta às sessões.
    É bilionário enquanto o povo que corta cana e o elege mal tem o q comer.
    Tô morrendo de pena dessa cara.

  5. Carlos Mendes

    Só faltava essa agora, querer transformar lobos em cordeiros. Matéria descabida, parcial e totalmente alienada. Com essa matéria você presta um desfavor a sociedade alagoana.

  6. jonas antonio de freitas

    Na verdade, história é história, vamos respeitar… Agora, empresas mal administrada, aí é que procuramos a verdadeira história… Alagoas tem que pensar em uma reengenharia na sua economia. Essa tal uma reforma na história da monocultura da cana de açúcar e pecuária tem-se que se tirar da agenda dos nossos governantes. Vamos se pensar em uma agricultura diversificada, aí sim, pensaremos em verdadeira história neste estado.

  7. Eraldo Basílio

    Ninguém em sã consciência deseja que o Grupo João Lyra entre em falência. São milhares de empregos perdidos. Mas, aquele cortador de cana que levanta as quatro da madrugada para ir trabalhar merece ficar sem receber salário enquanto o pessoal do escritório recebe salário de ate dez mil reais? Enquanto o filho desse cortador de cana não tem um pão para comer o patrão esbanja mordomia viajando de jatinho e comendo caviar com champanhe Frances e vinho do porto? Acredito que desde que você estava para sair do Cada Minuto todo dia toma um porre de catingueira rasteira, e quando chega em casa embriagado é que escreve seus textos para o blog. Ninguém pode negar que salário de sete dígitos não é importante. Toda ave velha merece alçar novos vôos. O problema é saber se em 2015, após as eleições de 2014, a velha ave ainda estará no mesmo ninho. Beba ou fume jamais os dois juntos. ACESSIBILIDADE, um direito de todos.

  8. Rosiane

    Alagoano gosta de usineiro? Tá falando mesmo deste estado? Agradecer a João e Carlos Lyra?
    Pelo que mesmo?
    Por enricar a custa de trabalhadores explorados?
    Por desmatar nossas poucas áreas de mata ainda preservadas?
    Enquanto tivermos usineiros no poder econômico e também político desse estado, ainda teremos o maior índice de analfabetismo, o maior índice de violência, pois o que interessa pra esses poucos é a massa alagoana sem instrução e podendo ser manipulada com mais facilidade nas urnas.

    Concordo plenamente com o que Anderson e Lucas falaram.

  9. Anderson

    Uma desgraça!!!
    Onde há cana o povo só leva cana!!!
    Enriqueceram às custas da desgraça do povo sofrido.

  10. Alfredo

    Prezado Roberto, por engano você publicou a usina rocadinho como sendo do grupo Carlos Lyra. O correto seria a usina cachoeira do meirim. abracos.

    1. Roberto Villanova Post author

      Obrigado pelo reparo e a participação. Vou fazer a correção e desculpe-me o erro.

  11. Lucas

    A agroindústria sucroalcooleira, depois de anos e mais anos subvencioada e resgatada de crises com dinheiro público, isenções fiscais, desoneração tributária e outras benesses, está em crise. Ainda neste ano o governo de Alagoas reduziu os tributos cobrados do setor, fato amplamente denunciado pelo Sindifisco. Estima-se a perda em 7 milhões de reais por mês, e a contrapartida social para a distribuição de renda e desenvolvimento do estado é nula (http://cadaminuto.com.br/noticia/2013/03/05/desde-2008-usinas-nao-sao-fiscalizadas-em-alagoas-denuncia-o-sindifisco). Essa riqueza produzida é apropriada por uma elite bastante restrita, habituada a empregar mão de obra precarizada e explorada em desrespeito à legislação trabalhista. Também a poluição ambiental provocada com as queimadas e a devastação do que resta de reservas naturais decorrem dessa atividade predatória. O consórdio do latifúndio monocultor com o poder político é um dos maiores responsáveis por este estado de miséria, de concentração fundiária e de desigualdade socioeconômica. Que os trabalhadores recebam seus merecidos créditos e indenizações trabalhistas em atraso. Que o estado faça uma ampla e geral reforma agrária, diversifique investimentos, desenvolva a agricultura de subsistência e outras culturas. É preciso combater a primarização da economia alagoana, baseada numa atividade ecônomia que produz bens de baixo valor agregado e concentra terras produtivas. Essa reforma é saudável para o próprio capitalismo e não tem nada de absurdo nisso.

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