Quando a polícia é desviada da finalidade, dá nisso aí
   2 de maio de 2013   │     19:30  │  7

Um helicóptero da Polícia Civil do Rio de Janeiro caiu durante o treinamento de ataque de Infantaria aerotransportada, para policiais que são civis.

Em Alagoas, a Polícia Rodoviária Federal fez uma operação para prender a coitada de uma pequena comerciante de secos e molhados que exigia o cartão bancário do cliente, para lhe vender fiado.

Foi em União dos Palmares.

Gente! É por aí que se deve discutir a escalada da violência no país; tem muita coisa fora da ordem nas instituições encarregadas da segurança pública.

Vejamos:

A Polícia Civil existe e só faz sentido de existir se for para investigar. Qualquer outra atividade diferente da investigação, da confecção de Boletim de Ocorrência e feitura de inquéritos deve ser considerada como desvio de finalidade.

E, para investigar, o policial civil não precisa ser treinado para a Infantaria – até porque, o investigador mais eficiente é exatamente aquele que age sob disfarce.

E a Polícia Rodoviária Federal, como o próprio nome já sugere, existe única e exclusivamente para garantir a segurança nas rodovias.

Se mudaram a lei para respaldar o absurdo, que se revogue a lei. O que não pode é manter o absurdo.

Enquanto os policiais civis treinam para ataques de Infantaria, o catatau de inquéritos policiais não concluídos aumenta no birô do delegado. E o destino será mesmo o arquivo morto, onde a vítima fatal da violência haverá de jazer sem o direito à vela no dia de finados.

Em Alagoas, são mais de 3 mil inquéritos policiais amontoados e a maioria deles jamais será concluído porque o policial civil que deveria estar investigando foi desviado de função e é treinado para ataques de Infantaria  – e até usam fardas camufladas.

E os crimes nas rodovias seguem crescendo em progressão geométrica, porque a Polícia Rodoviária Federal também foi desviada de função e ao invés de prender os assaltantes de ônibus e ladrões de carros e de cargas, está prendendo humildes comerciantes instalados a quilômetros do acostamento das rodovias.

Eu sei que dizer isso desagrada; mas é preciso que se diga porque não basta discutir a maioridade penal, nem a reforma do Código Penal, se as instituições policiais brasileiras permanecem desviadas das suas funções.

O Brasil é o país que tem o maior número de policias no mundo. São duas policias federais, duas estaduais e mais a guarda municipal.

E nem assim se consegue sequer estabilizar o número da violência.

COMENTÁRIOS
7

A área de comentários visa promover um debate sobre o assunto tratado na matéria. Comentários com tons ofensivos, preconceituosos e que que firam a ética e a moral não serão liberados.

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do blogueiro.

  1. Luiza

    E por que o caro blogueiro não mencionou a polícia militar que não dá conta de fazer o seu trabalho na cidade e quer ir para as rodovias???
    Política suja se desenhando…o povo que tenha cuidado com as publicações levianas, com interesses escusos.

  2. Silva

    Falou e disse, caro Bob. Quem sabe se um dia voce não ser ouvido e as coisas não vão mudar no meu querido Brasil!!!.

  3. Joilson Gouveia Bel&Cel RR

    BOB:
    Forçoso admitir a pertinente, procedente e contundente diatribre quantos aos “desvios”, aqui assinalados; quase tirou DEZ.
    No entanto, grassa em erro crasso ao assestar que “O Brasil é o país que tem O MAIOR NÚMERO DE POLICIAS NO MUNDO. São duas policias federais, duas estaduais e mais a guarda municipal.” (sic.) sem grifos no original. Pueril equívoco ou ledo engano, nesse sentido.
    No mais está correto: além dos graves desvios citados; confunde GCM com POLÍCIA, bem como também há desvio desta quando AGE como agente ou fiscal de trânsito – outro equívoco – e deixa de informar que há desvio quando a OSTENSIVA usurpa a “investigação da atividade administrativa judiciária: ao investigar com seus P/2”.
    Sempre foi dito, se cada Órgão ou Instituição responsável pela ORDEM e SEGURANÇA PÚBLICAS, aqueles enunciados no citado dispositivo constitucional acima, DESINCUBIR ou CUMPRIR tão-somente com o seu ofício, dever e o bem desempenhar (CADA MACACO NO SEU GALHO) com integração interativa buscando o mesmo FIM a que se presta e se comete a cada um deles ter-se-á o mínimo de SEGURANÇA PÚBLICA.
    Aquele que sabe tudo nada sabe e quem tudo faz nada faz (não faz é nada, nem nada, nada de nada). Ou não?
    FAVOR NÃO CENSURAR

  4. José

    Concordo em parte com a indignação do insigne “blogueiro”, pois se a sociedade procura as demais instituições e não são atendidas em suas denúncias, podem tranquilamente demandar das demais forças de segurança, que também são pagas para servir a população. No segundo caso em tela, a PRF foi demandada e com a informação em mãos apoiou a polícia civil na “operação”. disponível em: http://cadaminuto.com.br/noticia/2009/08/12/mulher-e-presa-por-reter-cartoes-de-beneficios-como-garantia-de-pagamento.
    E neste caso não vejo mal algum, nem desvio de finalidade, pois trata-se de uma instituição de “segurança pública”; sendo este muitíssimo abrangente.

  5. Gama

    Caro Jornalista, concordo em parte com sua matéria, mas quanto ao Brasil ter o maior numero de policias o senhor precisa fazer uma pesquisa na net e observar a quantidade de policias dos EUA, outra guarda municipal não é policia,
    e mais nos temos 25 anos da constituição 1988 e as policias não foram regulamentadas, então uma policia quer fazer o serviço da outra, isso em todas as policias ate o MP com a desculpa que são os exterminadores da corrupção, a que é conveniente pois o governo com seus desmandos na segurança publica niguém aciona na justiça pelo menos por omissão de mais de 3000 homicídios, agora em todas as categorias tem gente que faz concurso para o lugar errado e muitos eram para estar em Hollywood.

  6. Valdeck

    Quando pequenos, brincávamos de polícia e ladrão, e tínhamos orgulho de sermos os policiais ainda que fosse na fantasia infantil de um guri, mas que antes tínhamos introjetado que deveríamos representar o bem, de estarmos do lado da justiça. O saudoso Bezerra da Silva, já dizia em suas canções “malandro é malandro e Mané é Mané”, ou seja cada um é cada um. Com esse pensamento filosófico Bezerriano, ele quis dizer que cada macaco deve estar no seu galho, o que não ocorre com nossas polícias no Brasil. Como atestou acima Bob. Existe um movimento sistemático dos gestores federais, estaduais em descaracterizar as funções das polícias para facilitar a bandidagem, porque a sistemática governamental se nutre numa simbiose com os ilícitos por aí afora. Para isso existe o STF. Os tentáculos da bandidagem alcançam todas as esferas e todos os poderes. Em meio a tudo isso, as polícias ficam batendo cabeça entre eles, atuando para o que não foram treinados, nem designados quando prestaram concurso público. A grosso modo, resta ainda aos policiais lavar, passar e cozinhar para as instituições. Aliado para entornar mais o caldo, a justiça, sempre célere, está abarrotada de processos ainda para serem vistos sabe-se lá quando. Como se não bastasse, estamos há 400 e poucos dias da Copa do Mundo, vocês sabem a dimensão do problema que teremos com a quantidade de turistas aqui, e o pouco efetivo policial mal treinado e remunerado e ainda desviados de suas funções? Ainda que os governos conseguissem numa força-tarefa hercúlea em arregimentar efetivo, o que é uma quimera, um devaneio, em menos de 400 dias eles seriam treinados a contento para tamanha responsabilidade? Sem esse evento, já está complicado, imagine com a Copa.
    Ou as autoridades mudam esse curso da (DES)ordem, ou nos tornaremos uma Faixa de Gaza, Afeganistão, ou Ruanda. Exagero?! Olhe que não!

  7. M Silva

    Você esqueceu que existe também a Polícia Ferroviária Federal, pelo menos de direito, mas não de fato.

Comments are closed.