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A violência começa na rua ou em casa?
   25 de abril de 2013   │     19:35  │  6

Será que a violência não começa em casa?

Há muito que perdemos a inocência e hoje sabemos o quanto que eram “bandidos inocentes” aqueles heróis da crônica policial na década de 1960, e até meados da década seguinte.

O “Fura Pacote”, que os mais velhos se lembram, era mesmo apenas um mito que a imprensa criou com a conivência da polícia – que, a priori, já tinha um culpado para tudo.

Roubaram isso, foi o “Fura Pacote”; roubaram aquilo, foi o “Fura Pacote”, assim como até bem pouco tempo era o tal de “Sandrinho” o autor de todos os maus feitos em Maceió.

Mataram o “Sandrinho” e os maus feitos não cessaram; pelo contrário, só aumentaram em gravidade.

A violência se disseminou pelo país e com mais perversidade. Em São Paulo, uma dentista foi queimada viva porque só dispunha de 30 reais na conta bancária.

E onde é que começa toda essa violência que ninguém consegue controlar?

Não dá mais para usar o estereótipo do bandido pela discriminação que muitos ainda exercem pela cor ou posição social. Preto e pobre não são mais suspeitos; há bandidos em todas as classes e profissões.

Mas se chegamos a tal ponto é porque a falha é conjunta, e não apenas do poder público. A violência começa em casa com o pai corrupto que ensina ao filho que o dinheiro não é mais fruto do trabalho, e sim da esperteza.

Ser chamado de ladrão não é mais ofensa e sim promoção. Ladrão virou sinônimo de esperteza, vivacidade, artimanha e – pasmem – inteligência.

Não se cobra a origem das riquezas que afrontam, porque afronta mesmo é não tê-las. Criamos o “bandido no bom sentido”, como a fábula do “bom ladrão”.

E se a violência começa em casa, é por isso que ela encontra guarida no poder público e justifica a omissão, a inércia, o desleixo e até a conivência daqueles que deveriam agir céleres e com rigor para punir os que delinquem.

Que cena macabra essa exibida com o flagrante do assassinato de uma pessoa lá no Conjunto José Tenório. E quão degradante saber que o suspeito é um agente público que age fria e abertamente para atirar pelas costas.

Quem sabe depois de matar à traição até soprou o cano da pistola fumegante e a pôs no coldre, e  foi para casa assistir pela televisão o crime que praticou. E concluir:

– “Poxa! Seis tiros e só acertei quatro?! Preciso melhorar. Da próxima vez prometo não errar mais!

Bravo!

Mas, por favor me digam: finalmente, de que lado vem a violência?

Collor enquadra o TCU e arranca a BR 101 na marra
   24 de abril de 2013   │     12:29  │  13

O presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, que havia convidado o senador Fernando Collor para participar da audiência no gabinete dele, se assustou com o que ouviu.

E o que dizer do presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, e o vice-presidente Aroldo Cedraz, que pediram a audiência ao Renan?

Pense no clima!

Para entender o que aconteceu vamos retroagir. Há tempo que o senador Fernando Collor tenta reverter a ordem de suspensão da obra de duplicação da BR 101 em Alagoas, mas em vão.

Collor conversou pelo telefone com o vice-presidente do TCU, Aroldo Cedraz, para pedir explicação para a ordem de paralisação.

Foi uma conversa telefônica civilizada, mas o Collor não ficou satisfeito, principalmente quando pediu para Cedraz conversar com a área técnica e explicar que a paralisação da obra é descabida; o TCU embargou a obra da BR 101 em Alagoas porque a empreiteira estava comprando pedras mais baratas que o preço licitado.

– “Não posso. Isso pode parecer uma intromissão e o ministro não pode se intrometer na área técnica” – respondeu o vice-presidente do TCU.

O Collor ainda ponderou que não se tratava de intromissão e sim de um pedido de explicação, com o atenuante de que era uma obra do interesse nacional.

Mas nada. Cedraz não cedeu.

Quando o senador Renan chamou o Collor para participar da audiência que concedeu ao presidente do TCU, o Collor deve ter pensado: é agora.

O presidente Augusto Nardes pediu uma audiência ao Renan para explicar ao presidente do Congresso Nacional e do Senado os seus planos para o TCU. Tudo bem.

Depois de ouvir atentamente a explanação de Nardes, com os planos para criação de um Conselho para o TCU nos moldes do CNJ e, ainda, uma área específica no TCU para o Meio-Ambiente, o Collor pediu a palavra e Renan concedeu:

E dirigindo-se ao presidente do TCU, o Collor subiu o tom de voz:

-“Quem vocês pensam que são? Quem vocês  pensam que são para embargar obras como a BR 101 em Alagoas? Vocês compõem um órgão de assessoramento técnico do Congresso (Nacional) e só quem pode embargar obras é o Congresso, não vocês. Outra coisa: eu já apresentei uma PEC ( Proposta de Emenda Constitucional ) acabando com a vitaliciedade no Supremo Tribunal Federal e vou apresentar outra PEC para acabar com a vitaliciedade no TCU. Terá de ser também um cargo de ministro por quinze anos, como no Supremo. Se estão comprando pedra mais barato, isto não interessa. O que não pode é comprar pedra acima do preço licitado. Se a pedra vem do Japão, da China…não interessa.

…e tem mais: esse negócio de criar Conselho para o TCU nos moldes do CNJ é uma tentativa de esvaziar os Tribunais de Contas estaduais. E que história é essa de área ambiental no TCU. Não já basta o IBAMA? Vocês agora querem ser o IBAMA também, é?”

Gente! Pense no clima.

O senador Renan se manteve sereno enquanto o presidente do TCU e o vice procuravam terra no chão. Pareciam flutuar; eles não esperavam ouvir aquilo.

Moral da história: dois dias depois a obra na BR 101 em Alagoas foi liberada.

-“Infelizmente, aqui a gente tem que agir assim de vez em quando. Há uma burocracia excessiva que entrava tudo” – justificou Collor.

Morreu pela última vez o Partido Comunista Brasileiro
   23 de abril de 2013   │     20:20  │  3

Quando o então vereador Freitas Neto quis se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, ele fez uma pesquisa com alguns companheiros para saber qual a opinião.

A maioria votou pela filiação ao PCB. Eu votei contra.

O Freitas Neto se elegeu vereador em Maceió com mais de 4 mil votos, pelo PMDB, e eu achava que ao mudar de partido ele iria ser a locomotiva que arrastaria vagões vazios.

Mas, confesso que não pensei que poderia ser ainda pior: o antigo partidão de tantas lutas e muitos mártires encerrou a sua atividade de forma covarde e humilhante.

Trocou o nome para PPS e agora é o “Zé sem nome” da política brasileira, com o passado oculto, o presente obscuro e o futuro incerto.

O lendário Carlos Prestes deve estar estrebuchando no túmulo. Sepultaram os heróis e mártires como quem se livra de estorvos; se mudaram de nome é porque sentem vergonha da história.

Faz tempo, lá no ano de 1961 quando eu tinha 10 anos de idade, o que ficou marcado na minha memória foi um amigo do meu pai, chamado de Jota Jota, que era mecânico da oficina da Rede Ferroviária em Jaboatão-PE.

Meu pai editava o jornal “A Voz do Ferroviário do Nordeste”, junto com o hoje procurador de Justiça Luciano Chagas, e que na época era um jovem estudante secundarista e filho do seu Claudino.

Pois bem. Meu pai trabalhava numa peça de teatro produzida pelo professor Coelho Neto em benefício da Federação Espírita de Alagoas, e fazia o papel de um padre.

Um dia o Jota Jota desembarcou em Maceió para pedir emprestada a batina que meu pai usava na peça, sob a alegação de que o Miguel Arraes, então candidato a governador de Pernambuco, teria de chegar em São José do Egito acompanhado de um padre, porque o padre do local fazia campanha contra ele.

O padre dizia que Miguel Arraes tinha o apoio dos comunistas. Era verdade; o Jota Jota era filiado ao PCB pernambucano e em 1963 apresentou o Jaime Miranda a meu pai durante o 3º Congresso dos Ferroviários do Nordeste – que naquele ano foi realizado em Fortaleza.

Mas, no comício do Miguel Arraes em São José do Egito, o Jota Jota era o padre vestido na batina da peça do professor Coelho Neto, que nunca soube da verdade sobre a suspensão da apresentação da peça, por uma semana, devido à ausência do “padre” – que havia emprestado a única batina.

Oh! Que triste. Eu pensava que o Partido Comunista Brasileiro era isso e não nisso em que se transformou.

 

 

 

 

Mas será o Benedito! Cadê o Ciço?
     │     8:55  │  9

Há uma brecha na política alagoana que falta tapar. E por que ainda falta tapar é que Alagoas é o único estado com cinco ex-governadores sem mandato.

E quando se pensava que se tinha avançado na direção de tapar essa brecha, o eleitor alagoano descobre agora que não saiu do lugar.

O exemplo recente mostra isso em Maceió. Cadê o Ciço?

Mais popular do que o presidente Lula, segundo ele próprio alardeou; fez mais gol do que o Pelé e mais milagre do que o apóstolo Valdomiro, o ex-prefeito Cícero Almeida sumiu do mapa.

O pulso ainda pulsa, mas para Almeida é assim como um castelo de areia que rui sem ventania. E na primeira prova de que Maceió continua a mesma vê-se que era mesmo tudo fantasia.

Por origem, Maceió está sobre um alagadiço que se identifica pelos nomes dos bairros: Vergel do Lago, Poço, Bebedouro, Prado…

E a barra da lagoa já foi no Trapiche, depois estourou no Pontal e felizmente está caminhando para o Sul; hoje a barra é nova, lá em Barra Nova, em Marechal Deodoro.

Já pensou se a barra fizesse o caminho inverso?

Se o alagoano ainda espera pelo melhor governador, o maceioense também aguarda pelo melhor prefeito.

E se Alagoas é o único estado com cinco ex-governadores sem mandato, Maceió é a capital que teve o prefeito mais popular que o Lula, mais goleador que o Pelé e mais milagreiro que o Valdomiro e ainda continua sendo uma bacia onde o Salgadinho se alivia.

E o pior é que o ex-prefeito Cícero Almeida vive a ansiedade de ser condenado e impedido de se candidatar em 2014.

Até agora ele escapou; não há sinal de que a Justiça esteja apressada em julgá-lo. Mas Almeida precisa se livrar da maldição do Benedito.

O senador Benedito de Lira o amaldiçoou quando deixou o PP. E sobrou para Maceió.

Marília e Feliciano: quem é o reacionário dos dois?
   22 de abril de 2013   │     17:17  │  11

A censura só é boa no adversário e a lei tem que ser aplicada com o máximo rigor. Mas no outro.

Somos assim.

Fingir é inerente a nós humanos e todos nós fingimos e não adianta dizer que não, exceto para quem não é humano.

Quem é humano finge sim. E como!

Fomos capazes de descobrir uma utilidade no telefone celular que não foi cogitada pelo inventor – que é fingir que estamos telefonando.

Especialmente quando a gente quer fingir que não está só.

E novamente volta à discussão o deputado federal e pastor Feliciano, com a censura da Marília Gabriela em recebê-lo no seu programa na televisão.

Para fingir que não é censura, a desculpa é de que a Marília não iria servir de trampolim para eleger o Feliciano.

Conversa. Puro fingimento para não assumir a censura e a incoerência.

O Feliciano não precisa da Marília Gabriela para se eleger; não me consta, nem a ninguém, que o Feliciano tenha sido eleito graças à Marília Gabriela.

Eu quero reforçar que não acredito nem no deputado Feliciano e muito menos no pastor; e também a Bíblia do pastor Feliciano para mim é um gibi.

Mas quando você tenta censurá-lo eu fico a matutar: quem é o reacionário dos dois? O Feliciano ou a Marília Gabriela?

Ah! Então você é contra a censura, desde que não censure as suas ideias nem os que comungam com ela. Mas censurar o adversário pode.

É isso?

Tô bege. Ou melhor: já entendi. Somos humanos e temos essa indestrutível capacidade de fingir. Vence quem finge melhor.

A Marília Gabriela errou como profissional de comunicação, por não ouvir todas as partes; a Marília Gabriela errou por aplicar a censura; e a Marília Gabriela errou como cidadã, porque não respeitou o direito do outro de se expressar.

E assim fica difícil de saber quem é o reacionário dos dois. Ou quem finge melhor dos dois? Para você, quem é?