Morreu pela última vez o Partido Comunista Brasileiro
   23 de abril de 2013   │     20:20  │  3

Quando o então vereador Freitas Neto quis se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, ele fez uma pesquisa com alguns companheiros para saber qual a opinião.

A maioria votou pela filiação ao PCB. Eu votei contra.

O Freitas Neto se elegeu vereador em Maceió com mais de 4 mil votos, pelo PMDB, e eu achava que ao mudar de partido ele iria ser a locomotiva que arrastaria vagões vazios.

Mas, confesso que não pensei que poderia ser ainda pior: o antigo partidão de tantas lutas e muitos mártires encerrou a sua atividade de forma covarde e humilhante.

Trocou o nome para PPS e agora é o “Zé sem nome” da política brasileira, com o passado oculto, o presente obscuro e o futuro incerto.

O lendário Carlos Prestes deve estar estrebuchando no túmulo. Sepultaram os heróis e mártires como quem se livra de estorvos; se mudaram de nome é porque sentem vergonha da história.

Faz tempo, lá no ano de 1961 quando eu tinha 10 anos de idade, o que ficou marcado na minha memória foi um amigo do meu pai, chamado de Jota Jota, que era mecânico da oficina da Rede Ferroviária em Jaboatão-PE.

Meu pai editava o jornal “A Voz do Ferroviário do Nordeste”, junto com o hoje procurador de Justiça Luciano Chagas, e que na época era um jovem estudante secundarista e filho do seu Claudino.

Pois bem. Meu pai trabalhava numa peça de teatro produzida pelo professor Coelho Neto em benefício da Federação Espírita de Alagoas, e fazia o papel de um padre.

Um dia o Jota Jota desembarcou em Maceió para pedir emprestada a batina que meu pai usava na peça, sob a alegação de que o Miguel Arraes, então candidato a governador de Pernambuco, teria de chegar em São José do Egito acompanhado de um padre, porque o padre do local fazia campanha contra ele.

O padre dizia que Miguel Arraes tinha o apoio dos comunistas. Era verdade; o Jota Jota era filiado ao PCB pernambucano e em 1963 apresentou o Jaime Miranda a meu pai durante o 3º Congresso dos Ferroviários do Nordeste – que naquele ano foi realizado em Fortaleza.

Mas, no comício do Miguel Arraes em São José do Egito, o Jota Jota era o padre vestido na batina da peça do professor Coelho Neto, que nunca soube da verdade sobre a suspensão da apresentação da peça, por uma semana, devido à ausência do “padre” – que havia emprestado a única batina.

Oh! Que triste. Eu pensava que o Partido Comunista Brasileiro era isso e não nisso em que se transformou.

 

 

 

 

COMENTÁRIOS
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  1. Regis Cavalcante

    Caro amigo Roberto Villanova

    Segue aqui minha resposta ao seu comentário sobre a história do PCB/PPS/MD. Quero dizer-lhe, caro colega, que o mesmo desconhece, ou não acompanha a história e o compromisso republicano de nosso partido.
    É claro que não somos mais PCB. Já fizemos esse aggiornamento há muitos anos, fruto da própria concepção da história que mudou e continua mudando, pois esse é seu leito normal. Tudo isso feito e pensado por ex-comunistas, que entenderam no momento certo que o mundo havia mudado, até porque o muro de Berlim ruiu desde a década de 80.
    No mundo atual não existe mais nenhum partido nos moldes e na concepção do movimento comunista do início do século passado, daí não existir nenhuma traição nisso que fizemos.
    Você lembrou bem do nosso querido amigo em comum, Freitas Neto. Eu o conheci no PCB na época, porque quando lá cheguei ele já estava e, tenha certeza, acredito que nosso “Gordo” tomou o caminho certo ao ingressar no PCB e de certo estaria conosco na MD, pois quando tragicamente faleceu, já militava na fileiras democráticas do PPS.
    Você também falou de Prestes, do Jota Jota e de tantos outros libertários que já se foram e escreveram uma história de luta, liberdade e Democracia no país. Lamento sua tristeza por analisar a história do PCB/PPS/MD tão equivocadamente. Se é para citar algum vulto do movimento comunista em Alagoas cito Dirceu Lindoso, presidente de honra do PPS/MD. Intelectual, militante do velho partidão e figura de maior respeito, que deveria ser reverenciada pelos homens de bem de Alagoas, e alguém que você conhece muito bem.
    Poderia também citar Antônio Granja, camponês pernambucano, que completa 100 anos em junho. Lúcido e participante na luta política do nosso partido desde os 25 anos. Ele é o atual presidente de honra nacional desse partido que você, lamentavelmente, execra. Quero dizer mais, o Granja, que mora em Vitório, ES, estava no dia 17 de abril em nossa convenção e foi o primeiro a votar nessa nova formação política e, por último, o partido comunista Italiano, caro Bob, fez essa mesma mudança muito antes que o PCB virasse PPS. Ele já era o Partido Democrático fundido com outras forças políticas, inclusive com o Partido Cristão Italiano., o que comprova nossa moderna visão de mundo.

  2. Marcondes Machado

    Caro Bob, pelo pouco conhecimento que tenho, posso afirmar que o PCB nunca acabou, o que aconteceu foi a saída de alguns “iluminados”, como: Bob Freire, Juca Carvalho, Aniivaldo Miranda e outros, para criação do PPS e grandes nomes continuaram como Oscar Niemeyer, Osvaldo Saldanha, só para citar os mais conhecidos.
    Gostaria que algum dirigente do PCB comentasse este artigo do Sr. Bobe Villanova.

  3. Paulo Roberto

    Meu caro Bob, tive o prazer de distribuir com os camaradas delmirenses operários o jornal “A VOZ” do Partido Comunista Brasileiro e com a legalização, ser ,com outros camaradas, fundador e presidente do Diretório Municipal. O nosso velho PCBão acaba de receber mais um golpe com essa colisão, tendo como comandante Roberto Freire. Em memória dos Camaradas Freitas Neto, Jaime Miranda, Rubens Colaço e outros “Viva o Partidão”.

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