A Arca de Noé afundou com João Lyra à bordo
   4 de abril de 2013   │     10:35  │  1

Cerca de quinze dias antes da eleição em 2006, o ex-governador Geraldo Bulhões pediu ao amigo Aderval Viana que lhe conseguisse um contato com o empresário João Lyra, candidato a governador. Bulhões queria lhe dar um recado; na verdade, um conselho.

Em vão.

Aderval tentou romper a barreira para chegar até o João Lyra, mas o máximo que conseguiu foi chegar ao ex-deputado Celso Luiz. E o recado foi dado:

“Diga ao João Lyra para não gastar dinheiro mais não, porque ele vai perder a eleição” – aconselhou Bulhões.

Também em vão; afinal, João Lyra “liderava” as pesquisas e todos em sua volta já comemoravam a posse, como quem conta com o ovo antes da perua pô-lo.

Foi sem dúvida a campanha mais cara da história de Alagoas; João Lyra parecia “moer” papel moeda e transformá-lo em dinheiro e sabe-se que, na política, o dinheiro só se transforma em votos para quem sabe o momento certo de fazer a mágica.

E o ex-governador Geraldo Bulhões, uma das raposas políticas, entendia que João Lyra sabia moer cana para transformá-la em açúcar e álcool, mas moer dinheiro para transformá-lo em voto era um neófito.

E pior: neófito sem tempo para acompanhar a moagem e, por isso, delegou poderes a terceiros para fazê-lo em seu nome.

Não se sabe se o João Lyra recebeu o recado de Bulhões; talvez tenha recebido e renegado diante do clima antecipado do “já ganhou”. Se foi assim, arca agora com os custos; se não foi paga também o preço de ter confiado em quem não deveria.

O empresário João Lyra sempre foi um financiador da oposição em Alagoas; ele ajudou financeiramente muita gente, mas quando se apresentou para entrar no “negócio da política” deixou se ser simpatizante para se tornar concorrente.

Na eleição de 2006, o hoje vice-governador José Thomaz Nonô definiu a derrota de João Lyra numa frase:

“O João Lyra montou uma Arca de Noé e pensava que ia dar certo”.

Pois bem; a Arca de Noé adernou com João Lyra a bordo e o dilúvio atingiu as suas empresas – que antes eram modelos e hoje se transformaram no estorvo para a história de sucesso de um homem que começou a trabalhar muito cedo e expandiu os seus negócios com base na competência.

A derrocada do Grupo João Lyra deixa para todos a lição: não é a economia que faz a política e sim a política que faz a economia.

Ou seja: o empresário João Lyra pensava que poderia fazer o político João Lyra. Em vão.

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